Sejam provas do colégio, da universidade, teste de admissão a uma escola militar, vestibular, Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), seja concurso público... O processo de preparação para um exame pode envolver muito estresse para quem leva esse esforço a sério. Essas tensões do período, aliadas a características da sociedade moderna, podem ser adoecedoras para a mente se certas precauções não forem tomadas, como destaca o psicólogo Augusto Jimenez.
Hoje em dia, segundo ele, há mais dificuldade para identificar situações de adoecimento mental. "Tudo está muito virtual, até as amizades. Ter amigo é sair para bater papo, almoçar, tomar café, conversar, se ver, sentir que aquela pessoa é necessária para você. Não é se falar só por aplicativo. Com muito contato on-line e pouco físico, é mais difícil identificar algum sinal de problema", observa o diretor nacional da Minds English School. "É numa rede de convivência que é possível detectar indícios de que algo não está bem", completa.
"Até os pais, na correria do dia a dia, nem sempre conseguem perceber. Não é em toda casa que tem conversa, às vezes fica cada um no seu canto, na televisão, no celular... Então os amigos de verdade são os primeiros a notar manifestações de problemas." Algumas pessoas, quando estão estudando para uma prova, se isolam socialmente para focar os estudos. O que pode ser negativo. "Tem gente que sente que necessita cortar vários estímulos, inclusive saídas com amigos e família, para ser capaz de estudar, por dificuldades de concentração. Já outras pessoas funcionam melhor quando intercalam momentos de estudo e descontração", compara.
Os integrantes do primeiro grupo correm mais riscos. "O afastamento do convívio social é perigoso para a saúde mental. Isolado, às vezes, o indivíduo começa a pensar em coisa errada." Cenário que pode ser agravado se o estudante não conseguir resultados positivos e passar a se sentir mal por isso. "Cobrar-se demais é um perigo. A gente nunca pode se cobrar demais. A gente não ganha sempre e não é porque não passou em algo que a vida acabou", orienta.
Sofrer com a pressão de familiares, cônjuge e outras pessoas é também problemático, inclusive com relação a que vestibular ou concurso prestar, por exemplo. "Hoje, os pais influenciam muito a escolha, dizendo 'preste isso ou aquilo para ganhar bem'. Só que, se a pessoa entra numa carreira de que não gosta, isso pode gerar frustração, depressão e outros problemas", afirma. "Então, é importante se conhecer, saber do que gosta e quais são suas aptidões, pesquisar a área pretendida para entender se você se encaixa nela antes de se lançar naquilo", diz.
"Cada pessoa também tem de ter noção do curso ou da vaga a que está pretendendo e estudar a caráter. Quem vai prestar vestibular para medicina terá de se esforçar mais, por exemplo", aponta. Um efeito da cobrança exagerada, quando o estudante não obteve sucesso na prova que está tentando, é a autoestima diminuída. "É importante pensar que tudo tem 50% de chance de dar certo e 50% de chance de dar errado. Se você pensa logo no que vai dar errado, está no caminho errado de fato", ensina.