Os sentineleses vivem na Ilha de Sentinela do Norte e são avessos a qualquer possibilidade de contato com pessoas de outros lugares.
A Sentinela do Norte faz parte do arquipélago de Andamão e Nicobar, na Baía de Bengala, no Oceano Índico.
O arquipélago de Andamão e Nicobar, que tem Port Blair como capital, está sob administração da Índia.
Na prática, porém, o governo indiano não atua administrativamente na ilha de Sentinela do Norte por conta da hostilidade dos habitantes locais.
O porto da Índia continental mais próximo da Ilha de Sentinela do Norte está a mais de mil quilômetros de distância.
De acordo com matéria do serviço da BBC na Ásia, nem mesmo na Índia há muitas informações a respeito dos sentineleses.
A última vez que o governo da Índia buscou dados foi em 2004, após o tsunami na região. Ao sobrevoar a localidade com helicópteros para saber se os nativos haviam sobrevivido, as equipes oficiais foram recebidas com flechadas.
A Índia mantém apenas frotas navais nas proximidades da ilha para impedir que pessoas entrem na ilha e corram o risco de sofrer ataque dos sentineleses. A guarda costeira permanece na vigilância de turistas que estão no arquipélago para barrá-los, se necessário.
A navegação no entorno da ilha é desafiadora devido à presença de diversos recifes de corais, o que contribuiu para o isolamento da população local.
Os precários registros de contatos com a tribo nativa dão conta de que a vida dos sentineleses é bastante primitiva.
O povo, que vive uma área pequena de floresta na ilha, teria se originado de uma migração da África há 60 mil anos.
Os habitantes da ilha plantam para subsistência, caçam e fabricam de forma artesanal material para uso cotidiano e armas (arco e flecha).
A recusa à interação impede até mesmo que se tenha conhecimento de qual língua os sentineleses usam para se comunicar.
As formas de organização social e religiosidade dessa tribo também permanecem misteriosas para os estudiosos de povos originários.
Em 2018, o turista norte-americano John Allen Chau, então com 27 anos, foi assassinado a flechadas pelos sentineleses.
Na época, a imprensa local destacou que Chau havia desembarcado na ilha como um missionário cristão que pretendia catequizar o povo local. Porém, em redes sociais e em uma entrevista, o jovem havia se identificado como aventureiro.
Outro episódio que teve repercussão envolveu um diretor da Nationa Geographic. Em 1974, ao tentar fazer filmagens na ilha com sua equipe, ele foi alvejado na perna com uma flecha.
A estimativa é de que a população sentinelesa não passe de 200 pessoas. Eventuais contatos com estrangeiros poderiam dizimar o povo por doenças devido à falta de imunidade.
No arquipélago de Andaman, os jarawas formam a outra tribo que não se integrou às demais. Porém, não agem com a hostilidade dos sentineleses.