O animal costuma se afastar da costa e se arrastar pelo asfalto. Ele bloqueou o acesso ao carro de uma mulher, deitou-se em frente a uma imobiliária e causou alvoroço em uma loja de peixe e batatas fritas.
A fama de Neil cresceu, algo que preocupa os especialistas marinhos, que alertam para os riscos de interação das pessoas com um animal selvagem.
Neil foi oficialmente identificado em julho de 2022, quando foi flagrado em um "haul out". De acordo com o site Marinho Web, esse termo em inglês significa “saída da água” - período em que as focas e outros animais marinhos saem da água para descansar, trocar de pele, se reproduzir ou evitar predadores.
Os perfis utilizados, no Instagram e no Tik Tok, para documentar a vida de Neil, somam, juntos, mais de 500 mil seguidores.
De acordo com o proprietário, o interesse no selo também o preocupava. Muitos internautas questionavam quando ele iria receber o tão esperado atestado de ‘verificado’
"Peço a todos que acompanham Neil que se lembrem de que ele não está lá para nosso ganho financeiro, ele é uma criatura selvagem com sua personalidade única e merece o respeito de todas as pessoas", afirmou em um post.
Mary-Anne Lea, professora do Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos da Universidade da Tasmânia, concorda com a necessidade de proteger Neil.
"Precisamos lembrar que estes são animais selvagens. Tudo bem quando os animais são fofinhos e interagem de maneira geralmente segura, mas então eles se tornam maiores e outros comportamentos naturais entram em ação - junto com seus hormônios - e você pode começar a ter interações das quais você gosta menos", disse ela.
“A Marine Conservation tentou colocar Neil de volta na água, mas ele não estava obedecendo. Eles deveriam saber que Neil governa esta cidade agora!”, diz a legenda do criador anônimo do perfil.
O ecologista Clive McMahon, do Instituto de Ciências Marinhas de Sydney, explicou que elefantes-marinhos costumam ficar em terra para trocar de pelo, mas o comportamento de Neil é considerado incomum.
"Os elefantes-marinhos geralmente retornam aos lugares onde nasceram. Então, é provável que Niel pense que está em sua casa." disse ao jornal 'The New York Times'.
O elefante-marinho (Mirounga) é um gênero de mamífero carnívoro pinípede (membros inferiores com nadadeiras e dedos compridos, unidos por membranas),focídeo (mesmo grupo das focas), perfeitamente adaptado à vida aquática.
Apresenta corpo robusto, cabeça grande e nadadeiras anteriores pequenas. Machos podem chegar a 5 metros de comprimento, pesando 4 toneladas. Já as fêmeas nunca passam de 2,5 metros, com peso de 400kg. Os filhotes ao nascerem pesam 40kg e medem 1,30m de comprimento.
Há duas espécies reconhecidas: Elefante-marinho-do-norte, espécie ártica, habita o Pacífico, nas costas da Califórnia, México e Guadalupe; e o Elefante-marinho-do-sul, que vive principalmente em ilhas do Círculo Polar Antártico e na Patagônia (Argentina/Chile).
Essa espécie do sul, encontrada na Austrália, também pode ser vista em localidades da África do Sul, Ilhas Maurício, Ilhas Reunião e até no Brasil (na região sul e nas épocas mais frias)
Embora seja muito desajeitado e lento em terra, surpreende pela sua agilidade no mar. As fêmeas adultas podem mergulhar até 1.255 metros de profundidade em busca de alimento, mas normalmente mergulham de 500 a 800 metros; os machos mergulham de 200 a 400 metros, mas podem alcançar 1.700 metros de profundidade.
Nos machos, o nariz alonga-se numa espécie de tromba, que originou o nome popular da espécie. Os membros anteriores, apesar de robustos, não proporcionam bom rendimento em terra; os posteriores, muito fortes, com cinco dedos e fendidos ao meio, formam uma espécie de remo cada um.
Os elefantes-marinhos passam cerca de 80% das suas vidas a nadar nos oceanos. Em geral, seus mergulhos duram de 20 a 27 minutos. Mas eles podem permanecer mais tempo, pois são capazes de ficar até 80 minutos sem respirar.
A época de reprodução dura apenas cerca de um mês no Verão do hemisfério onde vivem. Neste período, as fêmeas concentram-se em colônias numerosas localizadas em praias e separadas por haréns controlados por um macho dominante.
A fêmea dá à luz uma cria, que amamenta apenas durante este período sem nunca se afastar para se alimentar. Ao fim deste tempo, já fecundada de novo, a fêmea regressa ao mar abandonando o harém e as crias.
Os elefantes-marinhos foram caçados em abundância pela sua pele, gordura e óleos e estiveram à beira da extinção no século XIX. Atualmente estão fora de perigo, a sua caça é proibida e seus únicos predadores são a orca e o tubarão branco.
Os elefantes-marinhos distinguem-se dos integrantes da família Otariidae (focas, leões e lobos marinhos) por não apresentarem orelhas e por se locomoverem em terra apoiando-se na superfície ventral e não nas nadadeiras.
Há 2.000 anos estes animais se espalhavam pela Tasmânia, onde eram caçados pelos aborígines australianos. No início do século XIX, porém, os caçadores europeus extinguiram os elefantes marinhos no sul da Austrália. Mas, na década de 1980, estes animais voltaram a ser vistos novamente no sul da Austrália e na Nova Zelândia, onde alguns filhotes nasceram.