O voo doméstico iria de Nova York para o Aeroporto Internacional de Charlotte/Douglas, na Carolina do Norte, com escala em Washington.
No comando estava o piloto Chesley Burnett Sullenberger III, às vésperas de celebrar seu 58º aniversário (em 23/1). Ex-piloto de caça, ela trabalhava em linhas aéreas civis desde 1980, quando deixou a Força Aérea dos EUA.
Em 15/1/2022, Sully postou mensagem no Instagram lembrando da data, que, segundo ele, mudou sua vida, a dos passageiros e a dos tripulantes.
Sully também era especialista em segurança e engenharia de voo, além de piloto de planadores. Já seu co-piloto, Jeffrey Skiles, fazia o primeiro voo num Airbus A320 e tinha acabado de fazer um treinamento para este modelo de avião.
Skiles estava preparado para auxiliar Sully justamente porque, no treinamento, encarou diversas simulações de situações de emergência no Airbus A320.
O pouso de emergência foi feito porque o voo US Airways 1549 sofreu uma colisão com gansos canadenses, espécie comum na região (foto). Eram 15h27 quando aves bateram no avião e foram sugadas pelos motores, que perderam potência.
O primeiro aviso à torre de controle foi às 15h27, dois minutos após a decolagem. A tripulação reportava a colisão com as aves e pedia autorização para retorno ao aeroporto de La Guardia. Passageiros viram fogo nas turbinas.
Controladores de voo indicaram uma pista disponível no La Guardia, mas Sullenberger disse que não conseguiria fazer a manobra. Ele ainda cogitou aterrissar em Nova Jersey, mas o avião tinha baixa altitude.
Um cinegrafista amador filmou o avião passando a baixa altitude (foto). A situação era tão complicada que a aeronave passou a menos de 270 metros da ponte George Washington.
Noventa segundos antes do pouso, Sully anunciou que haveria impacto e as comissárias de bordo instruíram os passageiros.
O avião aterrissou no rio apenas seis minutos após a decolagem do Aeroporto La Guardia, às 15h31, quando seguia a 240 km/h. Imagens gravadas mostram o momento (foto)
A aterrissagem foi na altura de Manhattan. Os 150 passageiros e 5 tripulantes do avião parcialmente submerso foram evacuados pelas duas asas do avião e por escorregadores infláveis que foram ativados. Embarcações logo se aproximaram para o resgate, como Sully previa.
Cinco pessoas sofreram lesões. Entre elas, a comissária Doreen Welsh, com cortes na perna. 78 pessoas tiveram ferimentos leves ou hipotermia, já que o frio era intenso. Ninguém morreu.
O avião foi amarrado para não afundar, em meio ao gelo do rio, enquanto a remoção não poderia ser feita.
O avião foi retirado do rio dois dias depois. Sullenberger foi aclamado como herói pela população e pela mídia, mas enfrentou uma investigação minuciosa sobre o caso.
Autoridades de aviação confrontavam a versão apresentada pelo comandante com suposições de outros motivos para o pouso emergencial.
Durante seis meses, Sully ficou afastado das atividades para as investigações. Mas sua versão sobre o choque com os pássaros foi comprovada. Penas de aves (foto) foram encontradas nos motores.
Sully recebeu diversas condecorações. Até hoje, recebe prêmios e menções honrosas. Cada passageiro do avião recebeu uma carta de desculpas, uma compensação de US$ 5 mil e o reembolso da passagem aérea.
Em 2009, Sullenberger lançou sua autobiografia "Highest Duty: Search For What Really Matters" ("O Dever Mais Elevado: Busca pelo que Realmente Importa"), escrito com Jeffrey Zaslow, do The Wall Street Journal.
Sullenberger foi considerado pela Revista Time uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
Em 2010, ele se aposentou da atividade de piloto comercial. No ano seguinte, foi contratado pela CBS News como comentarista, especialista em aviação.
Em 2016, foi lançado "Sully", com Tom Hanks no papel do comandante. Dirigido por Clint Eastwood, o filme tem Aaron Eckhart na pele do co-piloto Jeff Skiles, e Laura Linney como Lorraine, esposa de Sully.