O tratado foi assinado entre os primeiros-ministros da Austrália, Anthony Albanese, e de Tuvalu, Kausea Natano. De acordo com os termos do documento, os pouco mais de 11 mil habitantes do pequeno estado da Polinésia terão direito de viver na Austrália caso os prognósticos mais catastróficos se confirmem.
"Esta nova parceria reconhece as alterações climáticas como a maior ameaça para os meios de subsistência, segurança e bem-estar dos povos de Tuvalu", escreveu o governante australiano em suas redes sociais.
O acordo prevê que cidadãos tuvaluanos terão o direito de morar, estudar e trabalhar na Austrália.
Os recém-chegados de Tuvalu ainda receberão um suporte financeiro do estado australiano e poderão acessar o sistema de saúde local.
Nos primeiros anos, a quantidade anual de concessões de refúgio na Austrália valerá para até 280 tuvaluanos, mas o número pode aumentar gradualmente a depender das condições de vida no arquipélago.
O governo da Austrália também irá destinar R$ 49 milhões para medidas que minimizem ou até previnam os impactos da elevação das águas no arquipélago.
O acordo foi celebrado durante o Fórum das Ilhas do Pacífico, nas Ilhas Cook. Nele, o primeiro-ministro australiano ainda ressaltou que tratados similares poderão ser feitos com outros países da região, de acordo com a situação particular de cada um deles.
País menos visitado do mundo, Tuvalu está entre as localidades mais ameaçadas pelos efeitos da crise climática global.
Um estudo apresentado por especialistas em clima da ONU (IPCC) mostra que Tuvalu e outros quatro países do Oceano Pacífico (Maldivas, Ilhas Marshall, Nauru e Kiribati) correm o risco de se tornarem inabitáveis até 2100. Eles devem ficar debaixo d'água, afetando 600 mil pessoas, devido à elevação do nível do mar.
Em 2022, o Ministro da Justiça de Tuvalu, Simon Kofe, postou vídeo em que aparecia com água na altura dos joelhos num local onde o terreno era seco anos atrás. "Estamos afundando", ele disse.
"É uma nação insular de baixa altitude. O ponto mais alto acima do nível do mar não passa de 5 metros", disse o ministro à BBC Mundo.
Em discurso na Conferência das Nações Unidas Sobre Mudança de Clima, no Egito, Kofe declarou que Tuvalu será recriado no metaverso como forma de preservação cultural do país.
O país insular de apenas 26 km² fica entre a Austrália e o Havaí, e é formado por nove ilhas e atóis. E tem somente 11.204 habitantes, conforme estimativa feita em 2021 pelo Banco Mundial.
Tuvalu tem um grande recife de coral em forma de anel que circunda uma lagoa, com ilhas ao longo da borda.
O governo tem feito apelos para que as grandes nações reduzam a emissão de poluentes, para frear o aquecimento global. Moradores e entidades se juntam em campanhas pedindo uma maior consciência com o meio ambiente.
A penetração da água salgada inutilizou terras agrícolas e está afetando poços de onde as pessoas tiravam água para beber.
Por isso, a água potável está se limitando à proveniente da chuva. Mas nem sempre chove. E o país vem enfrentando períodos de seca.
Tuvalu também tem sido afetado por ciclones cada vez mais fortes.
Em 2020, o ciclone Tino atingiu o arquipélago e causou muitos danos.
Todos esses problemas afetam o pequeno país, que tem uma paisagem deslumbrante, com praias, lagoas, atóis e recifes de corais que enchem os olhos.
Em Tuvalu, há dois idiomas oficiais: o tuvaluano e o inglês. E duas moedas: o dólar de Tuvalu e o dólar australiano.
Os primeiros habitantes chegaram provavelmente no século XIV, provenientes de Samoa. Primeiro, chamavam-se Ilhas de Laguna, colônia da Espanha. Depois, Ilhas Ellice, pertencentes à Grã-Bretanha.
Em 1978, a nação tornou-se independente adotando o nome Tuvalu, que significa "grupo de 8", referência às oito ilhas primeiramente habitadas. Em 1995, o país ganhou nova bandeira. Mas manteve a Union Jack no canto. Afinal, mesmo tendo governo próprio, é subordinado à Monarquia Britânica.
Union Jack é a junção da cruz de São Jorge, da bandeira da Inglaterra; A cruz de Santo André, da bandeira da Escócia; A cruz de São Patrício, que representa a Ilha da Irlanda.
No país, as atividades mais tradicionais são a pesca e o cultivo de palmeiras e hortas. A economia é incrementada pela exportação de três produtos. Um deles é a copra (polpa seca de coco, de onde se tira o óleo de coco).
Tuvalu também exporta o pândano, uma planta da Polinésia que é usada na culinária, no artesanato e no paisagismo.
E o terceiro produto forte de Tuvalu é da área têxtil: tecidos para produção de roupas e artigos de cama, mesa e banho.
A capital é Funafuti, o atol com maior população do país: cerca de 4.500 pessoas.
É uma estreita faixa de terra entre 20 e 400 metros de largura que circunda uma grande lagoa.
A sede do governo fica na vila de Vaiaku, na ilha de Fongfale, que faz parte de Funafuti.