Segundo o professor Alexandre Pouget, da Universidade de Genebra, na Suíça, muitas pessoas que produzem bebidas em casa trocam os rótulos por marcas caras e vendem esses produtos caseiros por preços elevados.
Graças à tecnologia, os cientistas conseguem rastrear desde a região de origem dos vinhos até a vinícola onde foram feitos.
Elementos como a qualidade e tipo das uvas, solo, microclima e processo de vinificação são analisados pela IA para distinguir as bebidas.
Em um estudo recente, jornalistas de TV da Bélgica armaram um esquema para provar que especialistas em vinho, eventualmente, podem se guiar pela fama dos rótulos para avaliar a qualidade da bebida.
O grupo faz parte do programa "On n'est pas des pigeons" ("Nós não somos pombos", na tradução), da RTBF.
A equipe pediu ajuda do prestigiado sommelier belga Eric Boschman para escolher um vinho barato no supermercado.
O escolhido foi um vinho que custa 2,79 euros ( cerca de 15 reais).
A equipe mudou o rótulo para que a garrafa do vinho parecesse ser de uma bebida renomada: Château du Colombier. O rótulo incluía a lista de ingredientes que normalmente aparece nos vinhos mais prestigiados.
Os jornalistas pagaram 50 euros (cerca de 265 reais) para participar da degustação, como provadores amadores e, assim, influenciar o júri.
O vinho alcançou 88 pontos numa escala máxima de 100 pontos.
E os jurados ainda fizeram um elogio: "Paladar suave e rico, com aroma jovem e limpo que promete uma agradável complexidade".
Portanto, um vinho de 15 reais recebeu ótima cotação na avaliação dos degustadores especializados no ramo.
A única hipótese para que os sommeliers não tenham sido influenciados pelo charme do rótulo é a seguinte: o vinho de 15 reais é mesmo ótimo. Corram ao supermercado!
O vinho é definido como a bebida produzida exclusivamente por fermentação parcial ou total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas, ou de mostos.
A constituição química das uvas permite que elas fermentem sem qualquer adição de açúcares, ácidos, enzimas ou outros nutrientes.
A história do vinho remonta a 6.000 anos antes de Cristo, na região ocupada hoje por Geórgia, Irã e Turquia.
Na Europa, o vinho era comum na Grécia e na Roma antigas. Fez parte do dia a dia dos moradores e foi retratado em muitas obras de arte como elemento associado, inclusive, à Mitologia.
Na Bíblia Cristã o termo "vinho" aparece cerca de 140 vezes. Duas passagens são muito conhecidas: a transformação da água em vinho e a Eucaristia (ou Santa Ceia).
Alguns países são tradicionalmente apontados como bons produtores de vinho. Portugal é um dos mais renomados nesse segmento.
Os vinhos podem ser tintos, brancos, rosés e espumantes.
O vinho tinto é produzido com uvas escuras, com longo contato com a casca da fruta. A diferença de tonalidade depende de tipo de fruto, do tempo e do método de envelhecimento.
O vinho branco é feito com uvas claras ou, se elas forem escuras, sem uso da casca na fermentação.
Essa fase de prensagem leva de 1 a 4 horas. Logo após, o mosto é colocado para iniciar a fermentação.
O vinho rosé é intermediário (entre o branco e o tinto).
O vinho espumante é produzido a partir de uma segunda fermentação, com alto nível de dióxido de carbono e graduação alcoólica de 10° a 13° G.L.
Para melhorar o aroma do vinho, há recursos, como maceração a frio, utilização de enzimas e congelamento pré-fermentativo.
Um bom vinho tinto pode melhorar muito suas características com o envelhecimento, desde que seja bem armazenado.
Teoricamente, os sommeliers percebem cada detalhe e conseguem avaliar bem as bebidas. Mas a reportagem mostrou que surpresas acontecem.