O Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro, o maior do gênero no hemisfério sul, fez diversas atividades comemorativas e programou outros para o restante deste ano especial para a aviação.
Santos Dumont é chamado de Pai da Aviação por ter sido o homem que fascinou o mundo com sua criação: o avião. Mas sua vida pessoal ainda é alvo de muita especulação e atrai a curiosidade. Saiba mais sobre ele.
Foi Dumont que fez o primeiro voo homologado da história, ao decolar, voar por 60 metros em 7 segundos e pousar, em 23/10/1906.
O avião era o 14 Bis e a data tornou-se o Dia do Aviador e da Força Aérea no Brasil.
Segundo a Nasa, antes do brasileiro, os irmãos Wright, inventores americanos, já haviam feito mais de 40 voos na aeronave Flyer, que eles criaram. Mas não houve registro oficial.
Santos Dumont, ao contrário, voou diante do público e a imprensa noticiou, dando início a mudanças efetivas no começo do século 20. Na França, o 14 Bis era chamado de Oiseau de Proie.
Antes do avião, Santos Dumont já havia espantado o público ao contornar a Torre Eiffel, em Paris, com seu dirigível Nº 6, em 1901.
Dumont também destacou-se, posteriormente, pelo Demoiselle, considerado o primeiro ultraleve do mundo. O primeiro modelo voou em 1907.
Com 56 kg, o Demoiselle possuía duas hélices de seda em armação de alumínio e tinha esse nome ("senhorita", em francês) devido à sua aparente delicadeza.
Dumont nasceu em 20/7/1873 em Palmira, município de Minas Gerais que hoje tem cerca de 47 mil habitantes.
Em homenagem ao filho ilustre, Palmira passou a se chamar Santos Dumont. A cidade fica a 839m de altitude, a 220 km da capital Belo Horizonte.
A casa onde ele nasceu tornou-se o Museu de Cabangu , que conserva objetos pessoais e fotografias do aviador.
Vítima de esclerose múltipla, Dumont ficou envelhecido e, após fazer seus últimos voos em 1909, encerrou as atividades na oficina, mas continuou a atuar na popularização da aviação.
Em julho de 1914, começou a I Guerra Mundial. Em agosto, a França - onde ele vivia - foi invadida por tropas do Império Alemão.
Os aeroplanos foram usados inicialmente para observação dos inimigos e logo em seguida para bombardeios.
Em 1915, deprimido com o uso de aviões para matar pessoas, Santos Dumont entrou em depressão e decidiu voltar ao Brasil.
Em Petrópolis, na Região Serrana do RJ, Dumont viveu numa casa que ele mesmo projetou.
Chamada de Encantada, a residência é ponto turístico, um museu que preserva as invenções que Dumont criou para sua própria estadia. Por exemplo, o chuveiro com água quente, único no Brasil na época.
A ideia mais chamativa é vista na escada. Na externa, só é possível começar a subir com o pé direito; e na interna, com o pé esquerdo. A casa foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1952
No livro "O que eu vi, o que nós veremos", Dumont transcreve cartas que ele enviou ao governo brasileiro (na época Estados Unidos do Brasil) sobre o atraso da indústria aeronáutica no país.
Dumont alertava para a necessidade de construção de campos de pouso militares e de tornar o Brasil tecnologicamente independente.
Em 1920, Santos Dumont mandou construir um mausoléu para sua família no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
O túmulo é uma réplica da estátua de Ícaro, instalada na comuna francesa de Saint-Cloud em sua homenagem. Na foto, ele junto da estátua em 1913.
Na Mitologia Grega, Ícaro é o jovem que ganhou asas do pai - o inventor Dédalo - para que pudesse deixar a Ilha de Creta voando. Suas asas de penas de gaivotas eram coladas com cera de abelha. Mas Ícaro voou alto demais, o Sol derreteu a cera das asas e ele caiu.
Em 23/7/1932, dois dias depois de fazer 59 anos, Santos Dumont tirou a própria vida. Ele enforcou-se num quarto do Grand Hotel La Plage, no Guarujá, em São Paulo.
Esta é a última foto de Santos Dumont, no Guarujá. À esquerda do aviador, estão o seu sobrinho Jorge Dumont e João Fonseca, irmão de seu cunhado Ricardo.
O carro funerário que o transportou até o local do velório permanece na cidade. É um Chevrolet Ramona de 1929, que fica em exposição.
O cortejo fúnebre arrastou uma multidão diante da popularidade do grande inventor
Se a genialidade de Dumont é reconhecida de forma unânime, as polêmicas sobre sua sexualidade estão longe de um ponto pacífico.
O biógrafo Paul Hoffman escreveu em 2003, no livro "Asas da Loucura", que Dumont era gay, com uma "timidez feminina". A família negou, assim como quase todos os outros biógrafos do aviador, que o apontam como heterossexual.
Santos Dumont nunca se casou nem teve filhos. As referências a ele são por sua genialidade e inventividade.
O biógrafo Gondim da Fonseca afirma que ele, na verdade, era assexual e permaneceu virgem por toda a vida, focado apenas em sua atividade profissional, sua grande paixão.