A americana Amber Pearson, de 34 anos, conseguiu ter suas graves crises de TOC e epilepsias curadas. Isso graças a um implante cerebral.
Primeiramente vale entender melhor o que é o TOC. Ele é um transtorno psiquiátrico de ansiedade que gera crises obsessivas de pensamentos e ideias persistentes.
Há dois tipos de TOC: o subclínico, que não atrapalha a vida da pessoa, e o propriamente dito, que persiste até o exercício que alivie a ansiedade.
Por exemplo, uma dessas crises é a preocupação excessiva com organização, limpeza e higiene pessoal. É o caso de Amber.
Amber tinha compulsão por lavar as mãos e perdia a noção do tempo passando o sabonete. Ela ficava com as mãos tão secas por lavá-las repetidamente que a pele se abria ao redor dos dedos e ficava sangrando.
Outra dificuldade enfrentada era a preocupação com a segurança. Ela passava até 45 minutos revisando janelas, portas e equipamentos.
Além disso, Amber só comia sozinha, para que seus alimentos não fossem contaminados.
Liderados pelo neurocirurgião Ahmed Raslan, professor da Faculdade de Medicina da OHSU, em Oregon, em Portland, nos EUA, cientistas encontraram a solução: um chip.
O chip, do tamanho de um band-aid, atua em duas áreas diferentes do cérebro.
O sistema de neuroestimulação responsivo é colocado dentro do crânio através de uma cirurgia e monitora a atividade cerebral.
O dispositivo libera impulsos elétricos assim que identifica os gatilhos e início do comportamento.
O estudo do caso foi publicado na revista Neuron. Lá, os neurocientistas descrevem como criaram o sistema.
O implante foi feito de forma experimental a pedido da própria Amber. Inicialmente, o tratamento tinha o objetivo de controlar somente a epilepsia.
A paciente estudou todas as teorias acadêmicas que sugeriam a melhora com o uso de impulsos elétricos. Assim, ela pediu que o chip tivesse dupla função.
Anteriormente, em 2018, Amber passou por cirurgia padrão para tratar convulsões. Uma pequena parte do cérebro foi retirada por ser a principal fonte do transtorno.
O outro lado do cérebro, o da percepção de sons, continuou causando problema e os médicos decidiram pela instalação.
Amber teve o implante instalado em março de 2019 e foi acompanhada até o resultado oficial do estudo, em outubro de 2023.
Em entrevista ao site da Oregon Health & Science University, ela explica que suas convulsões estão mais controladas e o alívio do TOC foi quase completo.
'Agora, raramente me preocupo com o que acontece na minha casa enquanto estou fora. Tenho cada vez menos obsessões e compulsões. Sem o TOC, pude estabelecer relações mais saudáveis ??com as pessoas em minha vida', comemora.
Amber foi a primeira paciente com sucesso no tratamento. Até então, o funcionamento do aparelho contra o TOC era apenas uma teoria.