Isso porque, a obra, que tem como objetivo dessalinizar a água do mar, pode causar o rompimento dos cabos subaquáticos que fornecem internet pelo Brasil.
A escolha dessa praia em específico é resultado de uma série de fatores.
A iniciativa de construir a usina está sendo liderada pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), uma entidade ligada à administração estadual.
As obras estão programadas para serem realizadas por meio de uma Parceria Público-Privada com o consórcio Águas de Fortaleza, que ganhou o edital de licitação com um investimento estimado de R$ 3,2 bilhões.
A área escolhida para abrigar a usina é reconhecida como uma das regiões de maior qualidade da água em Fortaleza.
O presidente da Cagece Neuri Freitas esclareceu que por conta da água se renovar com frequência nessa praia, acaba não tendo muita sujeira acumulada. “Quanto pior a água, maior o custo na estação de tratamento', detalha.
Além disso, a região desfruta de condições marítimas altamente favoráveis. A ausência de obstáculos facilita a diluição da salmoura, substância gerada a partir do processo de dessalinização.
Outra vantagem apontada está na proximidade da Praia do Futuro em relação aos reservatórios que receberão a água potável tratada.
A possibilidade de instalar a usina em Pecém chegou a ser debatida.
Essa área é o lar do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, localizado em São Gonçalo do Amarante, um município na Região Metropolitana de Fortaleza.
A decisão, no entanto, poderia acarretar em custos adicionais devido à necessidade de construir uma adutora para transportar a água tratada até Fortaleza.
'Isso seria muito caro, aumentaria em pelo menos 30% a 40% no valor do investimento, então ficaria uma água muito mais cara”, comentou o presidente da Cagece, ao g1.
A usina representa um reforço essencial para o fornecimento de água na capital do Ceará, que enfrenta desafios durante os períodos de seca no estado.
De acordo com o plano estabelecido, a usina está projetada para aumentar em 12% a disponibilidade de água na região metropolitana de Fortaleza.
A configuração da usina engloba uma torre designada para efetuar a captação de água do mar a uma profundidade de 14 metros.
No projeto inicial submetido à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), as tubulações estavam posicionadas entre dois cabos submarinos, com distâncias entre 40 e 50 metros.
Saindo de Fortaleza, os cabos se estendem até as cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
Além disso, os cabos estabelecem uma conexão veloz entre o Brasil e a Europa, garantindo acesso à internet.
De acordo com a Anatel, esses cabos são responsáveis por canalizar 99% do tráfego de dados no Brasil.
O plano inicial do programa passou por revisões a pedido da Anatel. O projeto foi modificado para assegurar que as tubulações da usina mantenham uma distância de 567 metros dos cabos de fibra ótica.
A empresa também comunicou que realizou ajustes no projeto, que acarretaram em um custo adicional de aproximadamente R$ 35 a 40 milhões.
As negociações para tornar a usina uma realidade estão em andamento. Isso porque, de acordo com o diretor executivo, a continuidade do projeto não está sujeita à aprovação da Anatel.
Na quinta-feira (04/10), será apresentado um estudo ambiental para a construção da usina submetido à apreciação do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema).
Se for aprovado, o projeto avançará para a apresentação à Superintendência do Patrimônio da União (SPU), que deverá conceder a autorização para o acesso do empreendimento às águas da Praia do Futuro.
Se o processo avançar, a construção da usina está programada começar em 2024. A ideia é iniciar o fornecimento de água no primeiro semestre de 2026, de acordo com as estimativas do presidente da Cagece.