Uma primeira análise da OMS foi a partir da covid-19, que causou quase 7 milhões de mortes em todo o mundo e teve um grande efeito na saúde pública.
Além das muitas vidas perdidas, alguns países são mais fracos em lidar com diagnóstico, tratamento, contenção e prevenção da doença do que outros, o que fez com que a OMS criasse o novo termo.
Segundo o infectologista Celso Granato, “essa designação não representa uma doença real, mas sim um nome fictício criado pela OMS para identificar um possível risco de surgimento de uma nova doença infecciosa transmissível que poderia afetar um grande número de pessoas”.
Apesar de estar sendo utilizado agora, o termo já existia em 2018, antes da pandemia.
'É importante destacar que a pandemia representou algo inédito para nossa geração”, disse a infectologista Sylvia Lemos, que é mestre em medicina tropical pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e membro da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia).
Segundo Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências Sanitárias da OMS, priorizar a pesquisa e o desenvolvimento de contramedidas para vírus e outras doenças é crucial para ter uma resposta ágil em caso de futuras epidemias.
“Sem investimentos substanciais antes do surgimento da pandemia da covid-19, não teríamos sido capazes de desenvolver vacinas seguras e eficazes em um tempo recorde', completou.
Com base nisso, a OMS mantém uma lista de patógenos (bactérias, vírus, fungos ou parasitas) potencialmente perigosos para que os cientistas possam mapear sua circulação e possíveis mutações.
A preparação para encontrar uma possível 'doença X' passa por olhar atentamente para todos esses aspectos.
'Esse processo existe há muitos anos e tem sido constantemente aprimorado, com melhorias significativas devido à experiência com a covid-19', declarou Granato.
O médico esclareceu que certas doenças listadas pelo Ministério da Saúde e pelos departamentos de saúde do mundo todo precisam ser divulgadas.
Além disso, ele afirmou que empresas privadas também podem - e devem - contribuir com informações para que potenciais anomalias possam ser identificadas.
Com isso, alguns especialistas concordam que, para que haja de fato uma “doença X”, ela precisa ser uma comorbidade de grande importância.
Alguns critérios devem ser avaliados para que uma doença seja classificada como “doença X”. Um deles é avaliar sua capacidade de propagação.
Também é importante levar em conta a capacidade da doença de causar danos, bem como suas possíveis complicações, taxa de mortalidade e sequelas.
Sobre o que as pessoas podem fazer, é crucial seguir o que as autoridades da saúde pública dizem. Quando há uma doença respiratória, é bom garantir que suas vacinas estejam atualizadas.
Para Celso Granato, 'o uso de máscaras quando doentes, como é comum em lugares como o Japão, é uma prática recomendada para evitar a disseminação de doenças respiratórias, que poderiam incluir a “doença X”.
O médico ressalta que é muito importante que os países trabalhem juntos e compartilhem informações para evitar que as doenças se espalhem.
Laboratórios importantes de todo o mundo trabalham juntos para monitorar patógenos e evitar surpresas.
'Com mais gente se movendo pelo mundo, uma doença que comece em qualquer lugar pode se espalhar depressa, por isso é super importante avisar rapidamente e compartilhar informações”, disse o médico.