Na ocasião das eleições, em que Kelmon concorreu à presidência da República, a igreja negou que ele fosse clérigo da instituição ou de outras ramificações da igreja ortodoxa no país.

'Esclarecemos que o referido candidato não é membro de nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil em nenhuma de suas paróquias, comunidades, missões ou obras sociais', declarou a instituição.

A candidatura do Padre Kelmon foi um dos assuntos que causaram mais polêmica em 2022.

O candidato do PTB obteve 81.127 votos: 0,1% do total. Ficou em sétimo lugar.

Kelmon argumentou, dizendo que alcançou o cargo de pároco no Instagram, sendo responsável pela Missão Paroquial Ortodoxa Malankar de São Lázaro na Ilha da Maré, na Bahia.

Kelmon, inclusive, foi aos debates trajado de padre. No horário eleitoral gratuito e obrigatório, exibido na TV aberta e nas rádios, ele também apareceu com o visual característico.

Kelmon Luís da Silva Souza foi um dos nomes que renderam mais memes na política.

A polêmica gerou memes e críticas. Na noite de 29/9, durante o debate da Rede Globo, a candidata Soraya Thronicke o chamou de 'padre de festa junina'.

Após o comentário de Soraya, os internautas logo compartilharam uma foto de Padre Kelmon com trajes tradicionais de um padre em uma festa junina. Na legenda da foto, o político e religioso escreveu: 'Viva São João. Paróquia São Lázaro da ilha de Maré'.

Ainda no debate, Kelmon foi chamado de 'fariseu', 'laranja' (de Bolsonaro) e 'impostor' pelo candidato Lula, que liderava as pesquisas de intenções de voto.

Neste e em outros debates, Kelmon atacou demais Lula e a esquerda em geral. Por outro lado, mostrou muita proximidade e alinhamento com Bolsonaro, o principal candidato da direita.

Kelmon mostrou gostar tanto das ideias de Bolsonaro que a Internet brincou dizendo que o Padre seria um dos filhos do Presidente, mas disfarçado de religioso.

Logo após o debate, Kelmon tornou-se o terceiro candidato mais pesquisado no Google, só atrás de Lula e Bolsonaro, mas com larga vantagem sobre Ciro Gomes, Simone Tebet e Soraya Thronicke.

Em 18/12/2022, a Igreja Ortodoxa do Peru no Brasil anunciou o desligamento do Padre Kelmon. Mas, durante o pleito de 2022, ele deu o que falar. Na foto, ele após votar em Salvador.

As frases fortes, o elo com a religião e o perfil nada convencional fizeram o padre ser comparado a Cabo Daciolo (este evangélico), que concorreu ao mesmo cargo em 2018.

Falando em comparações, o perfil de Kelmon também foi comparado ao de Eneas Carneiro e Levy Fidelix, ambos de direita, para lá de 'exóticos' e hoje já falecidos. O candidato, inclusive, revelou se inspirar nestes dois nomes.

Outra curiosidade é que o padre (ou não) nem era candidato. Kelmon era vice de Roberto Jefferson, também do Partido Trabalhista Brasileiro.

Mas em setembro a candidatura de Roberto Jefferson foi cancelada pelo TSE, o Tribunal Superior Eleitoral. Mesmo em prisão domiciliar (condenado pela participação no Mensalão), ele estava tentando ser Presidente da República.

Com o cancelamento da candidatura de Jefferson, o PTB optou por lançar o Padre Kelmon, um candidato alinhado com a direita. O cargo de vice então ficou com o Pastor Gamonal.

No site oficial do partido, Kelmon foi descrito como 'homem cristão, conservador e de direita, que sempre se dedicou à igreja e ao combate da esquerda no país'.

Kelmon é baiano, da cidade de Acajutiba. Nascido em 21/10/1976, está com 45 anos e, curiosamente, já foi filiado ao PT, partido que ele passou a combater. Hoje, ele diz que se arrepende muito disso.

Em dezembro, após o desligamento da Igreja Ortodoxa do Peru no Brasil, Kelmon anunciou que pediu vinculação à Igreja Ortodoxa Grega da América e Exterior e que 'foi eleito bispo para as missões no Brasil'

Em junho de 2023, ele tentou participar de um almoço com membros da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira (foto), mas foi barrado.

Em maio de 2023, ele lançou sua pré-candidatura à prefeitura de Salvador, na Bahia.