Eles acabaram protagonizando um dos episódios mais incríveis de sobrevivência, que entrou para a história como uma demonstração de que um esforço conjunto, associado ao equilíbrio emocional e a planejamento bem feito, pode produzir resultados que soam como milagres.
O episódio foi tão comovente que inspirou o filme '33', sobre a história real dos mineiros. Eles trabalhavam a 700 metros de profundidade – algo como 200 andares - quando foram surpreendidos com o colapso da mina de San José, de onde extraíam ouro.
A mina pertencente à Empresa San Esteban ficava 33 quilômetros a noroeste de Copiapó, na região norte do país, no deserto do Atacama.
O drama do grupo - e a sua esperança de ser retirado com vida - foi acompanhado por milhões de pessoas pela televisão.
Com mais de 100 anos de existência, a mina San José tinha apenas um túnel de exploração, que servia de entrada e saída, sem caminhos alternativos que ligassem o subterrâneo à superfície
Com o desmoronamento, uma gigantesca massa de granito, de 130 metros de altura e mais de meio milhão de toneladas, havia fechado completamente a passagem.
Isso inviabilizava a retirada dos mineiros (um boliviano e 32 chilenos) pelo único túnel existente. Seria necessário criar uma nova rota de fuga.
Inicialmente as equipes tentaram usar os tubos de ventilação, mas eles acabaram sendo vedados por mais um desmoronamento.
O então ministro da Mineração do Chile, Laurence Golborne, deu entrevista explicando a dificuldade e afirmou que não havia como saber se os mineiros ainda estavam vivos.
Na superfície, foram instaladas nove sondas de perfuração, Cada máquina perfurava um buraco no solo de 15 centímetros de diâmetro e seguia, com cuidado, para debaixo da terra.
Somente após 17 dias, em 22 de agosto, foi possível ouvir sons que poderiam indicar a existência de sobreviventes.
A confirmação veio com um bilhete que os mineiros colocaram na sonda. Quando ela foi erguida, a equipe leu: ' 'Estamos bem, no refúgio, os 33'
A mensagem foi um alívio para as dezenas de famílias que acompanhavam o passo a passo da operação de resgate.
Nos 17 dias, o grupo racionou os alimentos e a água. Cada um alimentou-se de duas colheres de atum, um pouco de leite e metade de um biscoito a cada 48 horas. Nesse período, a perda de peso estimada de cada mineiro ficou entre 8 e 9 quilos
Com a escavação, as equipes passaram a ter um túnel de 15 centímetros como canal para enviar, entre outras coisas, glicose, medicamentos, oxigênio e cápsulas de reidratação.
Por esse túnel estreito também foi passado um cabo telefônico e o ministro Laurence Golborne falou com o mineiro Luiz Urzúa. 'Estamos bem, esperando pelo resgate', ele disse.
No subterrâneo, os mineiros também enfrentavam temperaturas de mais de 30ºC e uma taxa elevada de umidade.
Para montar um esquema que permitisse a saída de pessoas pelo túnel, o governo pediu ajuda à Nasa, a agência espacial americana.
Médicos especializados na saúde de astronautas recomendaram exercícios moderados para manter a massa muscular; rotina de sono e dieta para reduzir o consumo de oxigênio e a produção de gás carbônico em espaço fechado (a exemplo do sistema adotado em ônibus espaciais).
O prazo previsto para a retirada dos mineiros era dezembro, mas uma ideia pôde antecipar para outubro. A perfuradora Schramm T130 escavaria em torno do estreito túnel já existente, tornando-o largo o suficiente para transportar um mineiro dentro de uma cápsula. Isso reduziria em dois meses o prazo de conclusão dos trabalhos - de dezembro para outubro.
A perfuradora Schramm T130 conseguiu tornar o túnel largo o suficiente para transportar um mineiro dentro de uma cápsula.
Esse equipamento apresentou problemas duas vezes e foi substituído por uma sonda de sonda de perfuração RIG-421, usada para a procura de petróleo.
Um por um, os mineiros foram, finalmente, resgatados, para alívio de todos.
Nenhum mineiro morreu. O momento do resgate foi emocionante e histórico.