Desde a sua fundação em 1948, o estado de Israel lida com ameaças à segurança de seus cidadãos.
Diante dessa realidade bélica, a legislação local exige desde 1951 a construção dessas estruturas protetoras.
A estimativa do Ministério de Defesa israelense é de que existam cerca de 1,5 milhão desses locais no país - em torno de uma instalação do tipo para cada dez habitantes.
Desde a ofensiva terrorista do Hamas há inúmeros relatos na imprensa e redes sociais de pessoas que se refugiaram em bunkers.
Brasileiros que vivem ou estão de passagem por Israel contaram a experiência de se abrigar em um bunker nos dias de tensão em que Israel promove a resposta aos extremistas na Faixa de Gaza.
A atriz Gabriela Duarte estava em Tel Aviv a passeio com os filhos quando os ataques tiveram início e precisou recorrer às estruturas de segurança.
Nas redes sociais, ela descreveu o que passou: 'No dia seguinte (quando ocorreram os ataques) às 6:30 da manhã, soou o alarme. Olhei pela janela e vi fumaça ao longe. Descemos pro lobby do hotel e começamos a entender tudo. A partir daí, foi o dia inteiro de alarmes e descidas pro bunker'.
Em uma live, ela contou que o procedimento de segurança consiste em dirigir-se a um bunker assim que o alarme dispara. 'Vi que aqui bem do lado do hotel caiu um míssil', contou ela, que definiu seu sentimento de torpor: 'Ainda tentando digerir'.
Gabriela Duarte, 49, informou ter conseguido deixar Israel com os filhos Manuela, 17, e Frederico, 11. Eles foram para Praga, na República Tcheca. 'Estar tão próximo de um conflito como esse é complicadíssimo. Peço a Deus por quem está lá e que proteja Israel e todas as vítimas dessa guerra absurda'.
O jogador de futebol Lucas Salinas, natural de Sorocaba e que defende o FC Ashdod, afirmou em entrevista ao G1 que trancou-se em um bunker no apartamento de um amigo. 'Quando soa o alarme, a gente vem para esse bunker e fica 10 minutos. Se não soa outro alarme, a gente pode sair e ficar normal no apartamento', detalhou.
A lei de defesa civil criada em 1951 exige que todas as construções, privadas ou públicas, tenham abrigos antibombas.
Em meio a conflitos nas décadas seguintes, como a Guerra do Yom Kippur em 1973, foi instituída uma nova legislação definindo padrões mais atuais para essas instalações.
A determinação é que todos os prédios ou casas possuam no mínimo um quarto por andar com estrutura fortalecida nas características estipuladas.
Com o tamanho de um aposento comum, a diferença desses quartos fortificados está na estrutura do chão, paredes e teto - eles devem ter 30 centímetros adicionais de concreto maciço
Janelas e portas desses bunkers devem ser de metal e possuir travas fundas na parede.
Dentro desses quartos, que no dia a dia podem servir de dormitório comum, não deve haver objetos muito frágeis.
Esses espaços devem ter suprimentos e um sistema de ventilação adequado.
A orientação geral é que os cidadãos devem se encaminhar para as áreas de proteção caso sirenes de segurança soem.
Essas sirenes, que estão dispostas por todo o país, são acionadas caso um míssil ou foguete passe pelo sistema de defesa.
Caso as sirenes parem de tocar, a recomendação é de que os abrigados aguardem dez minutos antes de deixarem os quartos fortificados.