O crime aconteceu em um voo que partiu de Porto Velho, em Rondônia, rumo ao Rio de Janeiro com 110 pessoas a bordo.
O voo Vasp 375, no Boeing 737-317, previa quatro escalas entre a origem e o destino: Cuiabá, Brasília, Goiânia e Belo Horizonte.
Quando o avião já se encontrava no espaço aéreo do Rio de Janeiro, um homem portando arma calibre 32 anunciou o sequestro.
O sequestrador era o maranhense Raimundo Nonato Alves da Conceição, então com 28 anos.
O Brasil vivia severa crise econômica, era a época da hiperinflação. O sequestrador planejava assassinar o presidente da República José Sarney, a quem culpava por ter perdido o emprego.
Raimundo Nonato embarcou no Aeroporto de Confins, região de Belo Horizonte, na última escala antes do destino final.
Ao tentar entrar na cabine, baleou um comissário que bloqueou sua passagem.
O tratorista, que carregava mais 90 balas na mochila, disparou tiros contra cabine e acabou acertando outro comissário.
Com o sequestrador já na cabine, o piloto Fernando Murilo de Lima e Silva (falecido em 2020) alertou o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta) sem que Raimundo Nonato percebesse.
Em meio às tentativas de manter o contato via rádio com o Cindacta, o copiloto Salvador Evangelista (foto) levou um tiro na nuca e morreu na hora.
Com a tensão instalada no voo, o sequestrador manteve a arma apontada para o piloto ordenando que ele conduzisse o avião até Brasília.
Nesse momento, Raimundo revelou seu plano: colidir a aeronave com o Palácio do Planalto, a fim de assassinar Sarney.
Com o argumento de que as condições climáticas desfavoráveis não permitiriam visualizar o palácio presidencial, o piloto convenceu o sequestrador a desistir do plano.
No entanto, o tratorista não aceitou a proposta de pousar em Brasília, exigindo que o piloto rumasse para São Paulo.
Lima e Silva conseguiu pousar no inicio da tarde no Aeroporto Internacional Santa Genoveva, em Goiânia, recorrendo a manobras de alta perícia visando desequilibrar o sequestrador.
Em terra, foram horas de tensa negociação entre as autoridades de segurança e o criminoso. Quando descia da aeronave usando o piloto como proteção humana, o tratorista foi atingido por três tiros disparados por agentes de elite da Polícia Federal.
Nenhum dos passageiros saiu ferido. Raimundo Nonato morreu dias depois no hospital - a causa oficial foi anemia falciforme.
O enredo eletrizante do malsucedido plano de matar o presidente irá virar filme.
'O Sequestro do Voo 375' tem estreia prevista para dezembro. O filme tem direção de Marcus Baldini e roteiro de Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque