A história de Isadora Belon Albanese traz um alerta sobre os riscos e cuidados necessários durante o procedimento.
Isadora era a única filha de Ricardo e Graziela. Os pais contam que ela cursava Psicologia, era uma jovem saudável, sem problemas de saúde e que estava vivendo a melhor fase da vida.
Em março desse ano, os dentes do siso do lado direito de Isadora começaram a causar desconforto e foram retirados por uma profissional dentista.
Apesar das dores comuns ao pós-cirúrgico, o procedimento aconteceu sem maiores complicações.
A dentista de Isadora recomendou que ela também extraísse o dente do siso do lado esquerdo por precaução. Foi quando a história ganhou um final trágico e inesperado.
Quase 1 mês depois da primeira cirurgia, no dia 19 de abril, a jovem operou o lado esquerdo da boca, e logo começou sentir dores. Na entrevista concedida ao Fantástico, os pais contam que a jovem gritava de tanta dor, a ponto de não conseguir dormir e nem respirar direito.
Segundo a família de Isadora, a médica, quando procurada, minimizou a situação e tentou tranquilizar os pais dizendo que o quadro era normal e sugeriu a troca dos remédios.
Após dois dias da cirurgia, Isadora foi internada no hospital no dia 21 de abril. Infelizmente, veio a falecer dois dias depois, no dia 23 de abril, em função de complicações da cirurgia de retirada dos dentes do siso.
Os pais da jovem reclamam da demora do atendimento e da falta de um especialista no atendimento do hospital. Segundo eles, Isadora esperou 14 horas por um cirurgião bucomaxilofacial e, nesse tempo, a infecção teria se espalhado e agravado ainda mais.
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo recomenda que todos os hospitais tenham um cirurgião bucomaxilofacial, especialidade da Odontologia que trata das cavidades orais.
O especialista entrevistado pelo Fantástico, Sidney Neves, afirma que a cirurgia do siso é um procedimento extremamente seguro. Segundo ele, a morte ocorreu em função de um processo infeccioso, que é muito raro de acontecer.
O Hospital Modelo de Sorocaba afirmou que Isadora apresentava quadro grave de infecção, constatado após bateria de exames. Mesmo medicada e com o devido acompanhamento médico, seu estado evoluiu para uma infecção generalizada.
A dentista que atendeu Isadora afirmou que todas as medidas preparatórias, medicações e acompanhamento pós-operatório foram tomados.
Os pais de Isadora começaram uma campanha nas redes sociais, que já conta com mais de 60 mil assinaturas, solicitando uma normativa única para a extração do siso.
O Conselho Regional de Odontologia de São Paulo afirma que recebeu o pedido dos pais e vai reavaliar o caso, mas destaca a dificuldade de impor uma norma única para o procedimento, que varia muito caso a caso.
O final da história, apesar de raro de acontecer, acende um alerta de como as infecções nos dentes do siso podem se espalhar pelo corpo, comprometendo órgãos.
Segundo especialistas, a cirurgia para retirada desse dente é bem mais moderna que no passado, mas ainda assim invasiva, e precisa de cuidados.
Por isso, é importante que o cirurgião-dentista avalie o histórico de saúde do paciente, doenças pré-existentes, e solicite exames de sangue e radiografia - independentemente da idade.
No pós-operatório, é crucial que o paciente evite esforço físico, mantenha uma boa higiene bucal, consuma alimentos frios e líquidos ou pastosos, e siga de forma correta a medicação prescrita.