'Perguntem a Prigozhin', disse em tom sarcástico. Ele se referia a um desafeto de Putin, que morreu em agosto em circunstâncias não explicadas. Entenda o caso.
O caso aconteceu no dia 23/8. Dez pessoas morreram após um avião cair na Rússia.
Entre os passageiros a bordo estava o líder do grupo de mercenários intitulado “Grupo Wagner”, Yevgeny Prigozhin.
Prigozhin ficou conhecido por ensaiar um motim contra o governo do presidente russo, Vladmir Putin, no fim de junho.
Além dele, três tripulantes e outros seis passageiros estavam no avião, incluindo o chefe comandante dos mercenários, Dmitry Utkin.
A Agência de Transporte Aéreo Federal da Rússia abriu inquérito sobre as causas do acidente.
Investigadores disseram que não descartam a hipótese de que o jato tenha tenha sofrido um atentado de origem desconhecida, uma vez que o líder dos mercenários tinha uma lista grande de inimigos.
O govero russo negou qualquer envolvimento no caso. Mas em setembro o chefe das investigações, Alexander Neradko, foi demitido, sem explicação.
Diante de queixas sobre uma suposta demora na investigação, o porta-voz do Kremlin declarou que o andamento está normal.
Dados de rastreamento da aeronave mostram que o avião não apresentou nenhum problema até 30 segundos antes de começar a cair.
Um vídeo impressionante compartilhado nas redes sociais mostra o momento exato que o avião sofre uma queda vertiginosa.
Quem fez a filmagem afirmou ter ouvido duas explosões antes mesmo da queda, levantando teorias de uma possível bomba ou míssil.
O modelo do jato era um Embraer Legacy 600, de fabricação brasileira. O avião circulava há 16 anos regularmente e foi adquirido pelo Grupo Wagner em setembro de 2020.
A aeronave seguia do aeroporto de Sheremetyevo, em Moscou, em direção a São Petersburgo, e caiu próximo à cidade de Tver.
Segundo Ian Petchenik, da plataforma Flightradar24, que monitora voos do mundo inteiro, o jato sofreu uma queda “vertical descendente repentina”.
O site informou ainda que o avião realizou uma série de subidas e descidas de milhares de pés por volta das 18h11. Oito minutos, despencou.
Um canal do Telegram ligado ao Grupo Wagner lamentou a morte do líder e divulgou uma mensagem que fala em 'traição'.
“O chefe do Grupo Wagner, um herói da Rússia, um verdadeiro patriota de sua Pátria, Yevgeny Viktorovich Prigozhin, morreu como resultado dos traidores da Rússia', diz a publicação.
Em julho, o mercenário fez uma aparição em um vídeo no qual saudava seus combatentes na Bielorrússia, para onde havia deslocado uma grande força paramilitar como parte de um acordo para encerrar o motim.
Yevgeny Prigozhin realizou trabalhos clandestinos para o Kremlin durante anos, em missões no Oriente Médio e na África. Mais recentemente, o mercenário atuou para Putin na Guerra da Ucrânia.
Inicialmente formado por ex-soldados de elite, o Grupo Wagner foi fundado ainda em 2014.
Em junho, após repetidos avisos de que o Exército russo não estava suprindo adequadamente suas tropas mercenárias, Prigozhin liderou uma rebelião contra as forças russas.
Durante a revolta, os membros da tropa Wagner conseguiram ocupar temporariamente o quartel-general das Forças Armadas no sul da Rússia e avançaram centenas de quilômetros em direção a Moscou.
O levante chegou ao fim apenas 24 horas depois, com a celebração de um acordo que determinou a transferência de Prigozhin para a Bielorrússia.
A decisão foi tomada depois que o grupo rejeitou duas outras alternativas: a integração no exército regular ou o retorno à vida civil.
No dia 21/08, o mercenário divulgou seu primeiro vídeo desde o levante malsucedido. Nas imagens, Prigozhin diz estar no continente africano.
Ele aparece vestido com uniforme militar de camuflagem, um colete à prova de balas carregado com cartuchos de munição e empunhando um rifle. Ao fundo, uma caminhonete surge com outros homens armados.