As suspensões afetarão viagens que foram compradas na promoção com datas flexíveis entre setembro e dezembro de 2023.
A 123 Milhas informou que já não estava vendendo passagens promocionais desde a a última quarta-feira (16/08).
A empresa também garantiu que vai reembolsar as pessoas que compraram esses pacotes e agora estão sofrendo com os cancelamentos.
“[Os valores] serão integralmente devolvidos em vouchers acrescidos de correção monetária de 150% do CDI, acima da inflação e dos juros de mercado, para compra de quaisquer passagens, hotéis e pacotes”, confirmou a nota da empresa.
Dentre os motivos apresentados pela empresa para os cancelamentos estão o alto valor dos juros e a alta demanda por passagens aéreas.
Os clientes que já tinham viagens marcadas para o segundo semestre de 2023 foram pegos de surpresa com o anúncio.
Muita gente expressou insatisfação nas redes sociais e em sites de reclamações, como o Reclame Aqui. Os clientes alegaram que a 123 milhas cancelou suas reservas sem dar motivo.
Agora, os ministérios, em conjunto com a Justiça, anunciaram que vão investigar 123 milhas por esses cancelamentos.
Os órgãos acreditam que a empresa pode ter violado o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
“Um dos pontos mais fortes do CDC é que o risco do negócio é do fornecedor, ele não pode ser transferido para o consumidor”, reforçou Marco Antonio Araújo Junior, advogado especialista em direito do consumidor.
Segundo o Ministério do Turismo, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) foi acionada ainda no sábado (19/08) para avaliar a conduta da 123 Milhas.
Em um comunicado, o ministério do Turismo expressou preocupação e informou que vai investigar a situação para entender por que as viagens foram canceladas, encontrar quem foi afetado e ajudar a compensar eventuais prejuízos.
Nesta segunda-feira (21), o Procon-SP informou que notificou a empresa e vai apurar maiores informações nos próximos dias.
O Procon também declarou que está tentando descobrir quantas pessoas foram prejudicadas, quais alternativas estão disponíveis além dos vouchers oferecidos para reembolso e como a empresa está cuidando do atendimento das pessoas que foram afetadas.
Segundo o diretor do Procon-SP, Rodrigo Tritapepe, é o consumidor quem deve decidir como deve ser ressarcido após o cancelamento das viagens.
“A lei é clara, o consumidor deve declarar aquilo que ele deseja: se é voucher, dinheiro ou um ‘cumprimento forçado’ dessa viagem que foi adquirida”, pontuou o diretor à CNN Brasil.
Os consumidores que se sentirem prejudicados devem entrar em contato com a 123 Milhas, mas também podem acionar o Procon do estado correspondente ou diretamente no site da empresa.
Um caso parecido aconteceu com a empresa Hurb – antigo Hotel Urbano – em abril deste ano. Na ocasião, hotéis e pousadas começaram a suspender reservas de clientes que haviam comprado pacotes pela agência.
Na época, muitos clientes foram às redes sociais para reclamar e o ex-CEO João Ricardo Mendes, chegou a debochar de um deles em vídeo. Pouco tempo depois, ele pediu desculpas e anunciou o afastamento da empresa.
Um dica, segundo especialistas, é observar se os preços oferecidos pela empresa estão muito distantes da realidade do mercado de viagens. Neste caso, é melhor desconfiar.
Tanto o Hurb como a 123 Milhas sofreram um impacto no preço das hospedagens, passagens aéreas e outros setores do turismo no período pós-pandemia de Covid-19.
A 123 Milhas assegura que apenas 7% de suas vendas são dos pacotes 'Promo' e que os clientes que compraram outros tipos de pacotes não serão afetados.
O Hurb também deu uma explicação semelhante em abril e continua a operar sem usar esse modelo promocional. A razão para isso é que os pacotes tradicionais já incluem os custos atuais, sendo um pouco mais caros, pois não dependem de busca por preços mais baixos.