O Ministro Alexandre de Moraes autorizou a quebra dos sigilos bancários do ex-presidente e da ex-primeira dama, Michelle Bolsonaro. Novos capítulos são aguardados nos próximos dias.
Há ainda a expectativa em torno do depoimento do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, que pode fornecer mais detalhes acerca do caso.
A Polícia Federal ainda busca descobrir quem deu a ordem para vender as joias nos Estados Unidos e quem recebeu o dinheiro.
Uma fonte da PF confirmou ao programa Fantástico que mensagens no celular de Mauro Cid revelam que o ex-presidente estava ciente das tentativas do ex-ajudante de ordens de vender e posteriormente resgatar as joias.
O Fantástico também acompanhou de perto o trabalho dos especialistas que examinaram as joias para determinar o valor de cada uma e verificar sua autenticidade.
Essa análise está acontecendo no complexo da Polícia Federal, localizado em Brasília, especificamente no Instituto Nacional de Criminalística.
A primeira avaliação foi realizada na caixa de joias femininas, que foi apreendida no Aeroporto de Guarulhos. Ela estava na bagagem de um membro da equipe do Ministério de Minas e Energia, que retornava de uma viagem à Arábia Saudita.
Além das joias, ele também trouxe consigo uma escultura de um cavalo feita de uma liga metálica folheada a ouro.
Por outro lado, o conjunto de joias femininas que originou toda a investigação e supostamente seriam destinadas à então primeira-dama Michelle Bolsonaro é repleto de diamantes brilhosos.
A reportagem mostrou que são muitos diamantes de diferentes tamanhos e formatos, como baguete, coração, redondos e gotas.
Ao ser perguntada sobre a qualidade das joias, a perita criminal federal Fernanda Claas Ronchi exclamou: 'Nossa, essas são de excelente qualidade!'.
A perícia identificou que há um total de 3.161 pedras de diamantes no conjunto, incluindo o colar.
Cada um desses diamantes foi avaliado individualmente, e o fato de serem de uma marca de joalheria tradicional de luxo contribui para aumentar o valor das peças.
A estimativa de valor total das peças é de cerca de R$ 4,15 milhões.
Na caixa de joias, ainda há um relógio completamente feito de diamantes – desde a pulseira até o mostrador –, avaliado em incríveis R$ 1 milhão.
Há também outros dois conjuntos masculinos, um de ouro branco e outro de ouro rosé. Eles incluem uma caneta, abotoaduras, um anel, um rosário islâmico e um relógio.
O relógio mais caro entre eles é o de ouro rosé da marca Chopard, com o preço de R$ 695 mil.
A caneta de ouro branco, adornada com 1.120 pequenos diamantes, tem o valor de R$ 100 mil.
Ainda tem o tal relógio Rolex, que faz parte do conjunto de ouro branco e possui 184 diamantes incrustados.
Segundo um perito criminal federal ouvido pela reportagem, foi fácil identificar a peça por se tratar de um relógio feito sob medida, que faz parte de uma série especial, com um mecanismo único.
O relógio é o destaque do conjunto dado ao então presidente Jair Bolsonaro durante sua viagem à Arábia Saudita em 2019.
Antes de chegarem à Polícia Federal, os conjuntos foram separados. O Rolex, que possui 184 diamantes, foi vendido por US$ 68 mil, juntamente com o Patek Phillipe, que está atualmente desaparecido e foi avaliado em US$ 75 mil pela PF.
Novas informações podem surgir dos computadores, celulares e contas bancárias do ex-presidente e da ex-primeira dama que tiveram seus sigilos quebrados por ordem da Justiça. As análises desses dados ainda não estão concluídas.
Segundo a PF, os possíveis crimes apurados na operação foram lavagem de dinheiro e peculato, ou seja, desvio de bem público.
De acordo com a lei, esses itens devem ser incluídos na coleção da Presidência da República, ou seja, eles são considerados bens públicos. Há uma exceção para itens considerados “personalíssimos”, como perfumes, roupas e comida.
Para a investigação, os presentes de luxo foram adicionados ao patrimônio pessoal do ex-presidente e vendidos com a intenção de se ganhar dinheiro ilegalmente.