Isso porque pesquisadores das universidades de Nottingham e Bradford usaram uma ferramenta de reconhecimento facial. O mecanismo de inteligência artificial indicou que o quadro ‘De Brécy Tondo’ (foto), que retrata a Virgem Maria, foi produzido pelo artista renascentista Rafael.
Inclusive, ao fazer uma comparação com a Madona Sistina, obra que possui a comprovação da autoria do italiano, o grau de semelhança foi de 97%.
No entanto, alguns peritos em arte acreditam que essa possibilidade é pequena. Por sinal, afirmam que esse tipo de tecnologia não possui a capacidade de diferenciar itens de arte verdadeiros e falsificados.
Por outro lado, os universitários ficam na expectativa que seu experimento com a inteligência artificial dê um fim nessa discussão, a respeito da origem da pintura, e que ela possa ser agregada como um trabalho de Rafael.
Aliás, o professor de computação visual da Universidade de Bradford, Hassan Ugail, declarou que o episódio comprova que os peritos em arte precisam se modernizar com relação aos seus métodos de averiguação.
“Foi uma grande curva de aprendizado para entender o mundo da arte e como os especialistas quase não usam evidências científicas. Os pesquisadores do modelo usaram ferramentas de dimensões que o olho humano não consegue ver”, ressaltou.
Além disso, os incentivadores da utilização da inteligência artificial argumentam que o recurso ajudará no reconhecimento das obras de arte.
“A confiança no julgamento de um único especialista humano pode ser arriscada devido ao potencial de erro, à subjetividade ou aos vieses”, esclareceu Carina Popovic, executiva da Art Recognition, empresa responsável por autenticação de inteligência artificial.
Ela ainda frisa que o algoritmo possui alta precisão no processo de diferenciação entre produções falsas e originais. A propósito, Carina relembrou a ocorrência em que o falsificador, Wolfgang Beltracchi (foto), confessou, em 2012, ter criado itens artísticos de aproximadamente 50 autores.
O pintor Rafael Sanzio foi um dos gênios do Renascimento, movimento artístico que surgiu na Itália no século 14 e se estendeu até o século 17. Natural da cidade de Urbino, ele é filho do pintor e humanista Giovanni Santi.
Giovanni apresentou a pintura para Rafael e lhe deu os primeiros ensinamentos. Após a morte do pai, Rafael foi para a cidade de Perugia onde teve lições sobre a técnica do afresco com Pietro Perugino (direita). Logo o aprendiz superou o mentor.
Aos 19 anos, o artista prodígio finalizou a pintura ‘Retábulo Baroncio’ (foto), a pedido da igreja São Nicolau de Tolentino.
Seu primeiro grande trabalho foi o ‘Casamento da Virgem’ para a igreja de São Francisco, na Città di Castello, concluída em 1504. O aprendizado com Perugino fica perceptível na perspectiva e na proporcionalidade entre as figuras.
No mesmo ano, ele se mudou para Florença, onde Leonardo Da Vinci e Michelangelo eram expoentes. Graças ao contato com Leonardo, suas produções se sofisticaram. Ele incorporou a estética renascentista e criou a Madona do Prado, Madona Esterházy (foto) e A Bela Jardineira.
Em 1508, ele aceitou convite de seu amigo Bramante, arquiteto do Vaticano, para ir a Roma e fazer um trabalho para o papa Júlio II (pontífice entre 1503 e 1513 - foto). O líder religioso ficou encantado com os esboços de Rafael.
Assim, o papa solicitou que o jovem produzisse a decoração de todo o espaço. Inclusive, ordenando que os afrescos que haviam sido iniciados por outros artistas fossem destruídos.
Rafael ficou por 12 anos em Roma, focado na ornamentação de quatro salas do Vaticano: as ‘Stanzas de Rafael’. No caso, ‘Stanza dela Segnatura’, ‘Stanza di Heliodoro’, Stanza dell Incendio di Borgo’ e ‘Stanza di Constantino’.
Seu último trabalho foi a pintura ‘Transfiguração’, um pedido feito em 1517 e entregue três anos depois. Ela se destaca pelo desafio, pois foge do estilo renascentista e apresenta atributos do Barroco.
Rafael morreu em 1520, com 37 anos, depois de uma febre. Ele foi sepultado no Panteão de Roma, com honra. Aliás, foi o único artista do movimento Renascentista que recebeu glorificação tão impactante.
O Panteão fica no centro de Roma e representa a antiguidade, além do auge do poder e riqueza do Império Romano. A propósito, foi construído com o intuito de ser um lugar de adoração ao divino na estrutura do politeísmo.
Obras de Rafael estão expostas nos principais museus do mundo. Entre eles, o Louvre em Paris, o Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque, e os Museus do Vaticano.