Em um ano, a queda já acumula 54% e a tendência é de um enfraquecimento ainda maior da moeda por conta de acordos com o Fundo Monetário Internacional para pagamento de dívidas.
Em maio, um dólar chegou a valer perto de 500 pesos argentinos.
O índice atraiu uma onda de turistas de países vizinhos em busca de produtos e serviços.
Reportagem do jornal uruguaio El País mostrou que excursões vêm sendo organizadas exclusivamente para compras em Buenos Aires e outras cidades argentinas.
Para os brasileiros, as compras também têm se tornado vantajosas - na cotação atual, um real está na casa dos 57 pesos.
Uma curiosa postagem refletindo essa situação foi feita pelo perfil 'OJovemMochileiro', no Instagram.
O autor do post, João Pedro Mazzei, fez vídeo mostrando o que conseguiu comprar no país com apenas R$100.
'Um biscoito waffer, uma caixa de alfajor, 400g de salaminho, 200g de presunto cozido e 200g de presunto pardo. Mais 400g de queijo fatiado, 180g de queijo gouda, 150g de queijo gorgonzola, um pote de requeijão, um pacote de pão, um baguete, duas batatinhas e um refrigerante de um litro e meio', listou o jovem.
João Pedro ainda acrescentou um vinho na compra, totalizando os R$100.
Dados oficiais indicam que a quantidade de turistas na Argentina mais que dobrou em relação ao mesmo período em 2022.
O peso vem se desvalorizando desde 2020, na esteira da crise inflacionária que abarca o país sul-americano.
Se os turistas enxergam o país como paraíso para as compras, o derretimento da moeda vem produzindo aumento da pobreza da população local.
Terceira maior parceira comercial do Brasil, a Argentina viu sua inflação superar os três dígitos no início do ano.
Diante desse cenário, argentinos buscam se desfazer das moedas locais, que têm o valor seguidamente corroído.
A maioria dos preços de bens e serviços na Argentina está atrelado ao dólar.
Em 2019, o governo passou a impor limite para a quantidade de dólares que podem ser comprados por um argentino (US$ 200 ao mês).
A medida fez crescer a venda da moeda americana no paralelo - o dólar blue (cotação que acaba sendo a referência no dia a dia).
Segundo os especialistas, a principal razão para a espiral inflacionária da Argentina é a quantidade de pesos em circulação.
Para sustentar suas despesas, o governo de Alberto Fernández passou a imprimir pesos, pois a emissão de títulos não deu conta da necessidade de financiamento.
A situação chegou a um ponto tão crítico que o Banco Central da Argentina encomendou novas cédulas de casas da moeda de outros países, como Espanha, França e Brasil.
Em meio a essa crise, a Argentina terá eleições presidenciais em outubro.
Candidato da extrema direita, Javier Milei tem explorado o incômodo populacional com a inflação prometendo dolarizar a economia e acabar com o Banco Central.
As pesquisas, porém, têm indicado uma polarização do eleitorado entre situação e oposição conservadora.
O candidato situacionista é o atual ministro da economia, Sérgio Massa.
A ex-ministra da Segurança Patricia Bullrich e o prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta (foto), aparecem como os dois candidatos da oposição com chances de vitória.