Politica

Após passar pelo IML, Eike Batista chega ao presídio Ary Franco

PF deteve o empresário acusado de corrupção e pagar propinas ao ex-governador Sérgio Cabral

Eduardo Militão
postado em 30/01/2017 11:30
PF deteve o empresário acusado de corrupção e pagar propinas ao ex-governador Sérgio Cabral
O empresário Eike Batista, que foi preso pela Polícia Federal ao desembarcar na manhã desta segunda-feira (30/1) no Brasil, chegou por volta das 11h20 ao presídio Ary Franco, na Zona Norte da capital fluminense. Mais cedo, Eike foi levado para fazer exame de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro.

Acusado de corrupção, Eike estava foragido desde quinta-feira, quando a PF bateu à sua porta para detê-lo, como um dos alvos da Operação Eficiência, mais um braço da Lava-Jato para investigar organização criminosa comandada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). O político está preso desde novembro.

A ordem de prisão do empresário foi dada pelo juiz da 7a Vara Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Costa Bretas, a pedido da força-tarefa da Lava-Jato no Ministério Público Federal do estado.

O Ary Franco é um presídio destinado a criminosos comuns e sem curso superior. Eike não concluiu a faculdade. Porém, a assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio Janeiro disse ao Correio no domingo que, caso seja analisada alguma situação de risco para o empresário, é permitido removê-lo para uma ;unidade de seguro;. Algumas dessas unidades estão no Complexo Penitenciário de Gericinó, no bairro de Bangu, na Zona Oeste.

Eike viajou na noite de terça-feira com a mulher para Nova Iorque (EUA), menos de dois dias antes da ação da PF usando seu passaporte alemão. Ele se entregou depois de uma negociação entre seu advogado e os investigadores. O empresário embarcou na noite de domingo nos Estados Unidos com destino ao Rio, onde chegou por volta das 10h da manhã de hoje.

Mina de ouro


Segundo a polícia, em apenas um esquema de corrupção, Eike remeteu US$ 16,5 milhões para uma conta ligada a Sérgio Cabral no Uruguai. Para dar aparência de legalidade ao negócio, a transferência de dinheiro foi justificada com a intermediação na compra de uma mina de outro. Mas os doleiros Renato e Marcelo Chebar procuraram os investigadores para fechar um acordo de colaboração premiada e reduzirem suas futuras punições, quando confessaram que foram procurados por assessores do peemdebista para viabilizar o recebimento do dinheiro de Eike no Uruguai.

Segundo os irmãos, o contrato relacionado à mina de ouro era fictício. Bretas diz que as suspeitas iniciais são ;amparadas; por ;elementos de prova aparentemente fidedignos e harmônicos entre si; para comprovar o repasse no exterior com apoio de Flávio Godinho, vice-presidente do Flamengo e assessor de Eike.

Mas Godinho teve uma reunião com Renato Chebar em 2015 na casa de Cabral, quando a Operação Lava-Jato estava em curso e documentos tinham sido apreendidos com o empresário. Na ocasião, narra o doleiro, o assessor de Eike pediu que os dois delatores sustentassem que a contratação era verdadeira.

Eike ainda depositou R$ 1 milhão na conta do escritório da mulher do ex-governador, a advogada Adriana Ancelmo, também detida. O empresário foi convocado a esclarecer o repasse, mas garantiu que não se tratava de corrupção, mas de um pagamento orientado pela Caixa Econômica para quitar consultorias e assessorias na criação de um fundo de investimentos. Mas a instituição finaceira disse aos investigadores que ;não houve indicação; do escritório de Adriana ;para qualquer outra operação;. ;As alegações do representado Eike Batista caem por terra;, avaliou o juiz Marcelo Bretas, ao ordenar sua prisão. ;Eike Batista não disse a verdade em seu depoimento perante o MPF, o que, confirmando as suspeitas iniciais, reforça a tese de seu maior envolvimento com a organização criminosa descrita.;

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