postado em 07/10/2014 21:09
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (07) o texto-base da Medida Provisória 650 de 2014, enviada pelo Executivo, que concede aumentos aos policiais federais de todo o país. Mesmo apoiando o projeto, deputados da oposição dizem que o envio do projeto tem caráter ;eleitoreiro;, por ter sido enviado às vésperas do 2; turno das eleições e durante o desenrolar da Operação Lava Jato, deflagrada pela PF, e que tem atingido políticos da base aliada. Os parlamentares tentam agora atingir quórum para votar as emendas ao texto. Além do reajuste de 15,8%, a emenda reconhece o caráter de nível superior das carreiras da PF, que na prática já exigem o diploma desde 1996. Uma das emendas que mais gerou discussão no plenário é a que exige a formação em Direito e três anos de atividade jurídica ou policial para os postulantes ao cargo de Delegado de Polícia Federal. A mudança valeria também para os delegados da Polícia Civil do DF.
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;Poderia ter sido feito antes;, disse o deputado e delegado licenciado da PF Fernando Francischini (SD-PR). ;Tinha que ter dado esse aumento para a Polícia Federal antes. Eles tem esse direito, e o governo deixa para a última hora para votar esse aumento, na boca da eleição. Vamos ajudar a aprovar, mas é preciso dizer isso, que foi deixado para fazer na boca da eleição. É uma medida eleitoreira;, frisou ele.
As críticas foram rebatidas pelo líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS). Segundo ele, a presidente Dilma ;é quem mais apóia, incentiva, e orienta a PF a aprofundar toda e qualquer investigação. Durante os governos de Dilma e Lula não houve qualquer tipo de pressão para que a PF deixasse de investigar alguma coisa, ao contrário. Essas investigações atingem diferentes partidos, empresários, servidores;, disse.
Fontana disse ainda que o governo não tem ;nenhum temor; de possíveis revelações da Lava Jato antes do 2; turno.;O que não pode ocorrer é a oposição fazer um discurso pré-eleitoral sobre corrupção;, disse.
;Contenção de perdas;
Lider do Solidariedade na Câmara, Francischini disse ainda que o não compartilhamento das informações da delação premiada do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, tem por objetivo fazer a ;contenção de perdas; eleitorais, com vistas ao 2; turno das eleições presidenciais, que ocorre no dia 26 deste mês.
;É muito ruim para o regime democrático brasileiro a delação premiada não vir ao conhecimento do público antes do 2; turno. Eu tenho certeza absoluta pelas minhas fontes na Polícia Federal, que se essa delação viesse ao conhecimento, muitos órgãos de governo aqui na Esplanada seriam cercados pela população;, disse ele. Até agora, a CPMI não teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Costa feita à PF e ao Ministério Público Federal (MPF).
Francischini disse ainda que apresentará amanhã o requerimento para que a CPMI da Petrobras ouça o ex-ministro Antônio Palocci, acusado de ter pedido a Paulo Roberto Costa cerca de R$ 2 milhões para a campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2010.
;O governo federal está jogando pesadíssimo para que não haja divulgação. Já atrapalhou a CPMI quando foi necessário, evitando que comparecessem deputados da base do governo. Evitando a aprovação dos requerimentos mais polêmicos, fazendo acordo para que não se votassem as quebras de sigilo bancário e fiscal que pudessem acertar o governo;, reclamou Francischini. Até agora, a CPMI não teve acesso ao conteúdo da delação premiada de Costa.