Auditoria elaborada pela Controladoria Geral da União (CGU) encontrou evidências de fraude na escolha dos beneficiados por imóveis do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. Ao cruzar os dados dos beneficiários do programa com os do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), os auditores encontraram 1.258 beneficiários da Faixa 1 do programa cujo patrimônio em veículos é incompatível com a renda máxima permitida. Para participar da Faixa 1, é preciso que a renda famíliar seja de no máximo 3 salários mínimos. Em seis casos, os beneficiários possuíam veículos no valor de mais R$ 100 mil. Na lista constam inclusive veículos de luxo, como caminhonetes Toyota Hillux e Pollo Sedan. Segundo a Controladoria, alguns beneficiários chegaram a ameaçar empregados da Caixa que tentaram notificá-los das irregularidades.
Responsável pela gestão do programa, o Ministério das Cidades enviou nota ao Correio informando que os beneficiários irregulares foram notificados pela Caixa Econômica, e que o banco ;entrou com pedido de reintegração de posse; nesses casos. Já a CGU informou que a Nota Técnica, datada de outubro de 2012, é parte de um trabalho de auditoria em andamento sobre o programa, ainda inédito. A Controladoria informou ainda que, em alguns casos, os empregados da Caixa chegaram a sofrer ameaças por parte dos beneficiários irregulares. ;Em alguns casos, não foi possível a visita da CAIXA em função de ameaça à integridade dos empregados;, diz um trecho da nota enviada pela CGU. Entre os beneficiários com patrimônio incompatível, a CGU também encontrou quatro pessoas com rendimentos próprios acima do limite permitido, identificado pela Relação Anual de Informações Sociais (RAIS).
No relatório, a CGU recomenda ao Ministério das Cidades que altere as normas atuais para aperfeiçoar os critérios de seleção dos beneficiários do programa. A seleção dos beneficiários do programa é de responsabilidade das prefeituras que decidem ingressar no programa. A Nota Técnica foi enviada ao Correio de forma anônima. "Entendemos que o fato de existir muitos beneficiários possuidores de bens de valor elevado é indicativo de que os recursos do PCMCMV não estão sendo direcionados de forma correta, revelando fragilidades no enquadramento dos beneficiários, que podem excluir do Programa os verdadeiros merecedores do benefício, favorecendo a corrupção e o acúmulo de bens ilícitos", diz um trecho do documento.