postado em 21/02/2014 06:00
Escanteado no Itamaraty e punido politicamente pela decisão tomada, o diplomata Eduardo Saboia, que comandou a operação de retirada do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada do Brasil em La Paz, na Bolívia, em agosto do ano passado, prestou um longo depoimento na terça-feira à comissão de sindicância instaurada para apurar a sua conduta. Durante oito horas, ele contou detalhadamente o passo a passo da fuga e apresentou provas de que o governo brasileiro teria sido alertado de maneira recorrente sobre a situação crítica do senador na embaixada e que, mesmo assim, omitiu-se em relação ao caso. E-mails, telegramas e notas trocadas entre a embaixada brasileira na Bolívia, o Itamaraty e a Presidência da República serviram como base na tentativa de mostrar que não houve quebra de hierarquia.
O depoimento de Saboia encerrou o trabalho investigativo da comissão. A linha adotada pelo diplomata foi a de que não descumpriu absolutamente nenhuma determinação. Durante o testemunho, ele alegou que ;entre um risco calculado em trazer o senador para o Brasil, e permanecer com ele na embaixada, era mais coerente tomar uma decisão que salvaguardasse a vida do senador;. O diplomata deixou evidenciado que ficou desamparado pelo governo brasileiro e que o problema (a permanência de Pinto Molina na embaixada) estava exclusivamente nas mãos dele. Saboia alegou que não havia necessidade de avisar sobre a operação de fuga em si.
Agora, a comissão de sindicância, formada por dois embaixadores e um auditor da Receita Federal, deve concluir o parecer até o carnaval. Após esta etapa, o relatório será encaminhado à Corregedoria do Serviço Exterior para homologação ou não. O teor da investigação é mantido em sigilo. Se o parecer apontar qualquer desvio ético por parte do diplomata, será aberto um processo administrativo disciplinar (PAD) que pode gerar, no grau mais severo de punição, a exoneração do servidor público.
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