Fundamentais para manter o alto desempenho e a produtividade de uma equipe, hoje, os líderes procuram exercer mais que um papel autoritário e burocrático dentro das empresas. Para alinhar o trabalho dos funcionários com os objetivos e valores da organização, chefes de diferentes áreas tentam alterar a forma de lidar com a equipe e, assim, obter os melhores resultados.
Para trilhar esse caminho, o especialista em gestão do tempo Christian Barbosa diz que é necessário entender que a produtividade ocorre em três níveis. O primeiro deles é o pessoal, nas atividades comuns do dia a dia. Nesse campo, o profissional consegue desenvolver todas as tarefas de forma satisfatória. Em seguida, ele se desenvolve no conjunto de pessoas, em que as equipes, onde a capacidade produtiva de cada um se une para uma finalidade em comum. O último nível é o funcionamento das organizações, em que diretores e executivos precisam coordenar as atividades de outros líderes.
O conselho do especialista aos líderes é trabalhar pontos essenciais, que podem contribuir para o desenvolvimento dos funcionários. “Para melhorar os rendimentos do time, o líder precisa organizar, primeiramente, a esfera pessoal. Ou seja, aprender a tornar o tempo mais produtivo com o auxílio de técnicas de planejamento e organização”, explica. A partir disso, ele deve unir os aspectos individuais de produtividade aos dos funcionários para, assim, terem um modelo comum para obter resultados. Por fim, o conjunto das equipes precisa seguir estratégias de produtividade para atender os anseios da empresa.
Na segunda esfera, cujo foco são as equipes, o líder deve exercer um papel essencial para o time ser eficiente e não perder o rumo. “Esse é o principal ponto que deve ser trabalhado por quem lidera pessoas. A produtividade só é alcançada quando as prioridades são definidas, quando todos sabem qual objetivo deve ser atingido. Dessa forma, o líder precisa ter um propósito em comum com a equipe para poder desenvolver os trabalhos com qualidade”, aconselha Christian.
Estratégias
Tornar o ambiente de trabalho mais familiar foi o principal método encontrado por Carla Gomes para garantir o bom desempenho dos funcionários — ela é proprietária de um centro de estética, e também líder da equipe. “Acredito que as pessoas se sentem motivadas a exercer bem uma atividade não apenas com o salário, mas também com o sentimento de pertencer à empresa. Por isso, trabalho sem organogramas. Estamos todos na mesma linha, com intenção de fazer o melhor”, explica a administradora.
Com essa fórmula, ela diz conseguir cobrar tarefas do time com maior facilidade. “Evito ser autoritária, pois assim consigo manter o diálogo com mais eficiência. Se altero o tom de voz ou se fico muito agressiva, fica difícil conversar e convencê-los a fazer o que é melhor para a empresa”, conta.
Apesar de liderar uma equipe pequena, de cinco colaboradores e três parceiros, Carla espera manter as mesmas atitudes quando os negócios se expandirem e o número de profissionais aumentar. Pelo menos uma vez ao mês, ela se reúne em uma conversa informal com os funcionários para discutir o que precisa ser mudado, e também o que está dando certo e deve continuar. A proprietária diz sempre receber elogios aos funcionários por parte dos clientes.
Gabriel Sasse lidera um grupo de 40 pessoas na área comercial de uma empresa de produtos promocionais. Segundo o líder, a fórmula do sucesso começa já na contratação: “Expomos os valores da empresa aos candidatos e só contratamos aqueles que estão de acordo com os nossos princípios. A partir daí, fica mais fácil gerenciar, porque eles entendem nosso objetivo e nós compreendemos os deles”. Outra estratégia usada por Gabriel são as aulas de coaching para a equipe, nas quais os profissionais reconhecem suas principais qualidades e são incentivados a darem o melhor de si, pois assim crescem com a empresa. Segundo Gabriel, o resultado foi um aumento de 30% no faturamento do negócio.
Gestor do núcleo de contratos de uma empresa especializada em soluções logísticas de Belo Horizonte, Cristiano Rezende procurou legitimar a liderança pela admiração, o que ajudou a garantir o bom resultado da equipe de 18 pessoas, diretamente coordenada por ele, e que, ao todo, conta com 150 profissionais. “Tento transmitir segurança e clareza para a minha equipe, sempre com foco nos resultados, que precisam estar transparentes para mim e para os funcionários”, revela.
Para evitar que membros da equipe apresentem baixa produtividade, a escolha dos profissionais é feita pelo próprio Cristiano. “Para o chefe, ter a oportunidade de escolher quem vai ser líder é muito importante. Fica mais fácil potencializar as habilidades da equipe — o que é, para mim, o principal papel de uma pessoa que tem como função coordenar pessoas”, afirma.
Objetividade
Segundo o consultor do GI Group, Antônio Flávio Pacini, a produtividade está relacionada a decisões objetivas e, por isso, o líder só consegue alinhar o trabalho da equipe e atingir bons resultados quando conta com profissionais corretos nas funções adequadas. “Quem coordena uma equipe precisa, antes de qualquer coisa, observar se o time tem o perfil para realizar o desafio almejado”, explica Antônio. Além disso, ele defende que a capacitação, e também saber treinar e orientar seus colaboradores, pode auxiliar na melhoria dos resultados, já que muitos funcionários esperam aprender e crescer dentro da empresa em que trabalham.
Planejamento
Quatro ações dos gestores para ter uma equipe mais produtiva
Estabelecer um objetivo comum
É preciso entender quais são as aspirações de cada membro da equipe, pois as pessoas almejam outros tipos de compensação além do salário. É papel do líder inspirar os liderados.
Saber o que deve ser feito
Se o líder não deixa claro o que deve ser feito, as pessoas enrolam, adiam, executam coisas secundárias e, quando já é tarde demais, aquilo que é realmente importante fica de lado frente às circunstâncias e às tarefas urgentes.
Não gastar tempo com quem não melhora
Se o funcionário errou uma vez, treine-o novamente. Se o erro se repetir, conte com o feedback para ajudá-lo a melhorar. Se o profissional errar pela terceira vez, pode ser um sinal de falta de perfil para determinada equipe. Permitir o erro pela quarta vez é perder tempo.
Intolerância à improdutividade
A tolerância ao erro cria um ambiente no qual o urgente passa a ser normal, e a tarefa não será tratada pela equipe com a devida importância.
Evito ser autoritária, pois assim consigo manter o diálogo com mais eficiência”
Carla Gomes, dona de um centro de estética