Adriana Izel
postado em 08/11/2016 07:30
Há alguns anos, a estadunidense Amy Schumer, 35 anos, começou a chamar atenção no mundo da comédia. A estreia no humor foi aos 23 anos espetáculos de stand-up, gênero que lhe garantiu especiais na televisão até ganhar seu próprio programa, Inside Amy Schumer ; criado, dirigido e produzido por ela em parceria com o canal Comedy Central desde 2013. A produção tornou a artista conhecida mundialmente e garantiu sua estreia no cinema com o longa-metragem Descompensada (2015).
Nas esquetes, Amy Schumer acaba trazendo muitas piadas relacionadas às suas experiências. E é exatamente o que ela faz em seu primeiro livro da carreira. Em A garota com a tribal nas costas, lançamento da editora Intrínseca, a humorista apresenta relatos da vida, que envolvem sua ;primeira vez;, a relação com a família e o dia a dia de uma pessoa que faz humor para viver. Outro ponto interessante da obra fica por conta dos trechos de diários antigos da artista, em que ela faz notas de rodapé sobre suas opiniões atuais em relação às suas considerações do passado.
[SAIBAMAIS]Como a própria atriz avisa nas primeiras páginas, o livro não se trata de uma autobiografia, mas de um compilado de pensamentos, quase como um diário ou um bate-papo com o leitor. ;Isso é algo que eu queria ter feito há muito tempo, porque adoro fazer as pessoas rirem e se sentirem melhores. Este livro não é a minha biografia. Eu queria dividir estas histórias da minha vida como filha, irmã, amiga, comediante, atriz, namorada, companheira para sexo casual, funcionária, chefe, amante, lutadora, implicante e consumidora de massa e vinho;, afirma no capítulo inicial, intitulado Nota para os meus leitores.
Humor com seriedade
Como era de se esperar, os capítulos têm títulos que já denunciam o teor de humor de Amy Schumer, a exemplo de Carta aberta à minha vagina, A minha lábia e Guia para o funeral de Amy Schumer. Apesar de o bom humor ser uma das principais características do livro (e da própria Amy), ela também apresenta seriedade ao relatar experiências mais difíceis, como no capítulo Como perdi minha virgindade. Nele, a comediante divide com os leitores que sua primeira experiência sexual ocorreu com um namorado, porém sem o seu consentimento. Ela estava dormindo quando percebeu o que estava acontecendo. ;O que aconteceu comigo continua muito claro para mim: ele me penetrou sem o meu consentimento. Ele apenas se serviu da minha virgindade e eu nunca mais fui a mesma;, relembra.
Também é no livro que Amy revela aspectos que pouca gente sabia sobre sua história, como sua origem judia, o ódio ao rótulo de ;mulher de Hollywood e mulher da comédia;, o uso de maconha, o amor pela meditação e a mais surpreendente das revelações: se considerar introvertida. ;Sou, sem dúvidas, uma introvertida clássica. Ser alguém introvertido não significa que você é tímido. Significa que você gosta de ficar sozinho;, completa.
Em A garota com a tribal nas costas, Amy Schumer também fala sobre o ato de fazer o público rir. Ela, inclusive, conta que usa suas melhores experiências e histórias para fazer humor. ;No palco relato as minhas memórias sexuais mais selvagens. Mas falo essas poucas desventuras porque não é nada engraçado ou interessante ouvir sobre a vida sexual saudável e rotineira de alguém;, explica. Na obra, a artista ainda demonstra todo o seu amor pela comédia. ;Estar no palco sob os holofotes expressando algo que você acha engraçado ou importante (ou os dois) e provocar risadas, aplausos, admiração e concordância provoca uma sensação que não consigo descrever;, define em Como se tornar um comediante de stand-up.
A garota com a tribal nas costas
De Amy Schumer. Tradução: Andrea Gottlieb, Catharina Pinheiro. Intrínseca, 336 páginas. Preço médio: R$ 39,90.