Diversão e Arte

Paula Sayão fala em entrevista sobre sua administração do CCBB

Irlam Rocha Lima
postado em 10/06/2012 12:44
Quando está fervilhando de ideias, a bailarina, coreógrafa, economista e atual gerente do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de Brasília, Paula Sayão, costuma virar um trator. É um pega daqui, muda de lá, constrói acolá. Nessa hora, quem está ao lado comenta: xi, baixou o Bernardo Sayão. Neta do engenheiro, um dos ícones da construção de Brasília, ela herdou essa inquietação construtivista, levada como marca para a nova gestão à frente da instituição, que vive uma nova fase: a de se espalhar por Brasília por meio de parcerias.

O CCBB entrou em processo de parcerias com outras instituições da cidade. Qual o objetivo dessa estratégia?
O CCBB completou 12 anos e passou por várias fases, com gestões importantes que o fizeram crescer e se consolidar com referência cultural. Agora que ocupamos esse lugar de respeito na cidade e entre os frequentadores, passamos para uma outra fase. A de democratizar ainda mais e ampliar o acesso. Isso porque os teatros e o cinema, por exemplo, têm uma capacidade física limitada. Então, por que não fazer uma parceria com um cinema maior, como é o caso do Cine Brasília? A gente permite que um número maior de pessoas participe da programação a partir desses parceiros, como o Cine Brasília e o Clube do Choro.

Como é a parceria com o Clube do Choro?
O Clube do Choro já era patrocinado pelo Banco do Brasil, então resolvemos estender ao CCBB, criando um intercâmbio de artistas, com o objetivo de ampliar plateias. O Clube do Choro é um espaço muito importante para Brasília e nós vamos somar, fazendo com que o artista, que já vem à cidade com as despesas todas pagas pelo CCBB, fique mais um dia e toque em mais uma oportunidade. Por exemplo, vamos abrir a homenagem a Gonzagão com Moraes Moreira, na área externa, no domingo. Na segunda, dia em que o CCBB não funciona, ele abre um projeto no Clube do Choro, que vai girar em torno dos 100 discos mais importantes da MPB. No caso do Moraes, Acabou chorare, de Os Novos Baianos.

Surge aí um CCCB virtual?
Sim, ele começa a caminhar para outros espaços. É uma fase mais madura, que sucede à fase em que tivemos que trabalhar forte para inserir Brasília no circuito de estreias nacionais.

A preocupação com as estreias nacionais é uma grande vitória, como é o caso da abertura da exposição sobre Pixinguinha.
Sim, porque as estreias projetam Brasília num cenário nacional. Antes, havia uma briga para manter essa proposta porque as produções não queriam. Tinha um clima de ;deus me livre;, de ser um ensaio geral. Agora, muitas fazem questão de colocar na proposta Brasília como um começo, até porque os artistas perceberam o quanto o público brasiliense é criterioso. Cada centro cultural tem sua especificidade, a nossa é de renovar e ampliar o público. Nesse sentido, as estreias nacionais são imprescindíveis e temos a nossa cota.

A situação do Cine Brasília a incomoda? Futuramente, o CCBB pretende entrar nessa nova estruturação?
Estamos conversando com a Secretaria de Cultura e com a expectativa de um acordo de cooperação para que possamos ir com a programação do CCBB para lá. Nossa sala de cinema é pequena. A mostra de Almodóvar, por exemplo, lotou e não cabia as pessoas, numa época em que o circuito de arte na cidade estava fechado. Com um pouco mais de recursos, posso levar essa programação para 600 pessoas. Sou apaixonada pelo Cine Brasília e poder contribuir com uma programação regular de cinema está no nosso plano.

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