postado em 25/06/2013 08:14

;Fiquei revoltado com tudo. Deixei o hospital e, na mesma noite, resolvi sair e beber. Eu estava abalado demais.; Foi dessa maneira que Ademir Guilherme Penso, 21 anos, reagiu, há dois anos, ao descobrir que estava com linfoma. No dia seguinte ao diagnóstico, uma conversa com especialistas deixou o universitário mais calmo. O estado do câncer no sistema linfático era avançado, mas as expectativas de cura, boas. ;Fiz o acompanhamento psicológico, que todos precisam durante o tratamento. Mas minha família ficou ainda mais mexida. Por ver todos preocupados, precisei ser mais forte e acreditei sempre que seria curado;, conta.
A explosão da revolta seguida de uma grande onda de otimismo é reação comum entre os jovens acometidos pelo câncer. Segundo a especialista em psico-oncologia Marilia Zendron, existe a tendência de o paciente, em um primeiro momento, enxergar a doença como o fim da vida. ;É um pensamento que não difere muito do adulto que recebe o mesmo diagnóstico. Porém, com a troca de experiências e vivências, e o aprendizado que o tratamento proporciona, a pessoa percebe que não é assim e que é possível viver com câncer e, principalmente, após o câncer;, afirma.
Chefe do Centro de Oncologia do Hospital Universitário de Brasília (HUB), Sandro José Martins aponta que uma característica nos jovens pode amenizar o quadro de tensão. Eles normalmente têm menos problemas de saúde e a reserva funcional melhor, o que aumenta a eficácia do tratamento. ;Também, em geral, toleram procedimentos cirúrgicos maiores e não se revoltam com os procedimentos médicos às vezes agressivos. Isso faz com que a possibilidade de sucesso seja mais ampla do que a de pacientes mais idosos;, explica.
O tratamento a que Ademir foi submetido começou logo que o tumor foi confirmado, pelo estado avançado do linfoma não era possível esperar. Para se dedicar à recuperação, ele trancou o semestre do curso de direito. ;Preferi pausar um pouco os estudos e não precisar me preocupar com provas e trabalhos;, explica. O universitário foi submetido a sessões de quimioterapia até janeiro do ano passado. Segundo ele, que está curado, apesar dos impedimentos e das dificuldades, a terapia foi tranquila.
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