O empoderamento negro também é tema da 3; Bienal Brasil do Livro e da Leitura, que acontece no anel inferior do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, entre 21 e 30 de outubro. No domingo (23), a feira sediou o 1; Desfile Infantil de Cabelo Afrodescendente. Em frente ao estande da Banca da Conceição, crianças negras andaram pela passarela, pra um grande público. Como o foco foi a valorização dos fios e texturas das madeixas negras, o desfile valorizou penteados que mostrassem bem o volume e os cachos dos pequenos.
O evento fez parte da sessão de autógrafos do livro A menina tagarela, da educadora Giulieny Matos, lançado na Banca da Conceição. A banca, que funciona na 308 Sul e está com uma réplica montada na Bienal do Livro, abriga lançamentos de livros de autores brasilienses no evento, o maior do gênero na capital.
Apesar de não trabalhar diretamente com a temática, a obra lançada domingo tem como personagem principal uma criança negra. A autora explica que, apesar de a narrativa não falar sobre a questão racial, a representatividade da protagonista é uma forma de destacar o tema. ;A menina tagarela é negra e essa escolha é uma maneira de trabalhar a igualdade racial com as crianças. Dizer que temos que olhar para todos de maneira igual. A personagem se apresenta como ela é. Se aceita e tem coragem de se revelar;, afirma.
A educadora ainda ressalta a importância do tema étnico-racial na Bienal do Livro. Ela explica que a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou, em 2015, a Década Internacional de Afrodescendentes, a qual tem a intenção de promover a igualdade racial. ;Algumas pessoas me falaram que o tema é ultrapassado, mas eu discordo. Acredito que deve ser debatido, pois o racismo ainda é um tema mascarado pela sociedade;, reconhece Giulieny.