Cidades

Crimes cometidos pelo senador cassado Luiz Estevão começaram em 1992

Ele foi condenado por desvio de recursos públicos em uma obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP)

postado em 09/12/2015 17:00

Em 2006, o senador cassado Luiz Estevão foi condenado pela Justiça Federal a 31 anos de prisão acusado de desviar R$ 2 bilhões de recursos da obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP). Considerado culpado pelos crimes de corrupção ativa, estelionato, peculato, formação de quadrilha e uso de documento falso - a pena dos dois últimos crimes citados prescreveu no ano passado -, o condenado tem conseguido driblar a prisão com sucessivos recursos na Justiça, quase dez anos após a condenação.

Ele foi condenado por desvio de recursos públicos em uma obra do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo (TRT-SP)

A defesa de Estevão apresentou recursos contestando questões processuais para adiar o início do cumprimento da sentença em regime fechado. Na última manobra, o caso chegou às mãos do ministro Marco Aurélio Mello, relator do recurso extraordinário protocolado em novembro do ano passado. No fim de abril, a Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu a rejeição dos recursos. Em junho deste ano, o relator do processo negou um agravo apresentado pelo empresário.

[SAIBAMAIS]

As irregularidades cometidas por Luiz Estevão começaram em 1992, na construção do fórum, mas só vieram à tona em 1998. O senador revelou o esquema na CPI realizada em 1999 para investigar o Poder Judiciário. Em valores da época, o desvio foi de R$ 170 milhões e culminou na condenação do juiz Nicolau dos Santos Neto ; Lalau, como era conhecido, teve pena de 26 anos e 6 meses de prisão decretada ;, que foi beneficiado por um indulto de Natal editado pela Presidência da República para todos os presos do país que já tivessem cumprido um quarto das respectivas penas. Ele deixou a prisão em junho de 2014.



Nesta década de convivência com a condenação, Estevão fez uso de um arsenal de instrumentos jurídicos para ficar longe do Complexo Penitenciário da Papuda. O processo não transitou em julgado exatamente pelo caminhão de recursos apresentados pela defesa do senador cassado durante todos esses anos. A prescrição da pena pode ocorrer em maio de 2018 e é a esperança do réu de ficar em liberdade de forma definitiva.

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Luiz Estevão passou quase meio ano na cadeia por outra condenação. Ele tinha outros três anos e seis meses de punição por falsificação de documento público. Entre setembro de 2014 e março deste ano, o senador cassado ficou em regime semiaberto no presídio de Tremembé, em São Paulo. Por bom comportamento e já ter cumprido um sexto da pena, conseguiu a progressão de regime para o aberto.

O STF manteve a condenação de Estevão a 26 anos de prisão, nesta quarta-feira (9/12). A condenação por corrupção ativa, peculato e estelionato está mantida. Os ministros não analisaram pedido do MP para cumprimento imediato da pena. A defesa ainda pode recorrer da decisão. Agora, será publicado um acórdão e, segundo o ministro Marco Aurélio Melo, ainda cabem embargos declaratórios. O prazo regimental para a publicação do acórdão é de 60 dias.

Colaborou Helena Mader, Guilherme Pera e Adriana Bernardes

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