Cidades

Nove meses de gestação vêm permeados de dúvidas e questionamentos

Decisões básicas, como o tipo de parto ou o local onde ele será realizado, muitas vezes, são negadas à gestante, que, por falta de informação ou de infraestrutura, tem seus direitos violados

postado em 31/05/2015 08:03
Apesar de ter plano de saúde, Luísa escolheu dar à luz Luna  na Casa de Parto de São SebastiãoA decisão entre uma cesárea programada e um parto natural, a escolha do local onde dar à luz. Esses são questionamentos que acompanham os nove meses de gravidez. Dúvidas que aparecem para mães de primeira viagem e para as que já viveram uma gestação. Nesse momento, a informação confiável permite à mulher decidir o que é melhor para ela e para o bebê. Mas nem sempre a vontade prevalece diante das condições encontradas e, muitas vezes, a gestante é exposta ao risco de morrer, conforme mostra estudo divulgado pela Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan), na última quinta-feira. Obstáculos, como falta de resposta para as dúvidas, poucas salas de parto normal, impossibilidade de estar acompanhada pelo companheiro e demanda maior que oferta nas maternidades, interpõem-se no caminho da grávida. Em alguns casos, para seguir o que considera mais adequado, é preciso romper paradigmas.

[SAIBAMAIS]A estudante Luísa Cristina de Andrade Petit, 21 anos, tem plano de saúde particular, mas escolheu ter a pequena Luna na Casa de Parto de São Sebastião. Desde o início da gestação, a jovem buscou informações. Conversou com amigas, tias, pesquisou na internet e leu muito a respeito do momento de parir. A forma como Luna nasceria foi assunto nas consultas, do pré-natal ao oitavo mês de gravidez. ;Fazia o acompanhamento com um médico do convênio. Quando disse que queria ter minha filha na Casa de Parto de São Sebastião, ele não se opôs. Disse que poderia fazer meu parto natural, mas que custaria entre R$ 10 mil e R$ 20 mil. No fim, afirmou que a escolha era minha;, relembra Luísa.

Receio


A jovem tinha ouvido falar do local por uma amiga. Como queria um parto humanizado, sem intervenções desnecessárias e o mais natural possível, Luísa avaliou que a casa de parto do GDF era a melhor alternativa. ;Naquela época, aqui em Brasília, ainda não tinha outras opções. Mal se falava nisso. Eu tinha pavor de chegar em um hospital e ter uma cesárea ou me obrigarem a fazer algo que eu não queria;, explica. Antes de o desejo ser concretizado, Luísa visitou a unidade de atendimento com a mãe, que tinha receios quanto à estrutura em situações de intercorrências. ;Mas a visita foi ótima. Eles nos mostraram o local e nos explicaram os tipos de gestante que podem ser atendidos lá.; O pai foi o único contrário, mas não proibiu a escolha da filha.


Na madrugada de 4 de março de 2013, as contrações começaram. Ela pediu à mãe para ir direto à casa de parto. Passou pela triagem, exame de toque e, por fim, foi levada a um quarto. ;Queria ter a Luna dentro da água, mas a banheira estava em manutenção. Então, fiquei de cócoras, debaixo do chuveiro. Meu namorado e minha mãe estavam comigo, além do enfermeiro;, conta. Três horas e meia depois, a serelepe Luna veio ao mundo. Dois anos depois, Luísa acredita que a postura do médico e a confiança no enfermeiro que a atendeu foram importantes. Além disso, teve o poder de escolha respeitado.

Sofrimento
Em um momento de celebração da vida, a assistente administrativa Sayonara Lopes Gonçalves, 27 anos, teve medo de morrer. O trabalho de parto de Henri, 2 meses, foi longo e difícil. Nara havia se preparado, durante toda a gestação, para um parto normal. Fez exercícios com bola suíça, caminhou, praticou hidroginástica e buscou na internet o máximo de informações sobre o momento. No entanto, teve parada de progressão, ou seja, a dilatação foi interrompida antes de a criança ter espaço para passar pelo canal vaginal. ;A dilatação estava ocorrendo normalmente, mas, quando chegou a 9cm, parou. Fiquei horas aguardando para que aumentasse a dilatação, mas não ocorreu. Senti muita dor e chegou um momento em que abracei minha mãe e pedi para que ela cuidasse da Laura, minha filha mais velha. Achei que morreria ali;, relembra.

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