MERCADO FINANCEIRO

Índice Bovespa fecha perto de recorde após 8ª alta consecutiva

Depois de atingir máxima histórica de 134.574 pontos na tarde de ontem, Bolsa brasileira encerra pregão com alta de 0,63% a 134.153 pontos, abaixo do pico de setembro de 2023, de 134.193 pontos

Embalado por bolsas internacionais e balanços de empresas, indicador nacional rompe patamar de 134 mil pontos e renova máxima diária -  (crédito: Nelson almeida/AFP)
Embalado por bolsas internacionais e balanços de empresas, indicador nacional rompe patamar de 134 mil pontos e renova máxima diária - (crédito: Nelson almeida/AFP)

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) bateu novo recorde, ontem, por volta das 13h, pelo horário de Brasília, de 134.574 pontos — máxima diária e histórica do índice —, embalada pelas bolsas internacionais e pelos balanços positivos de empresas brasileiras ao longo da semana. No fechamento, o Índice Bovespa (IBovespa), principal indicador da B3, subiu pelo 8º pregão seguido e encerrou o dia com alta de 0,63%, aos 134.153 pontos, abaixo do pico de 27 de setembro de 2023, de 134.193 pontos.

Na avaliação do economista e sócio da GWX Investimentos, Ciro de Avelar, o recorde do IBovespa foi alavancado, principalmente, pelo fluxo de capital estrangeiro. "O Brasil ainda é um mercado emergente muito atraente, principalmente quando a gente observa os juros reais, a gente está com 10,50% ao ano de taxa Selic (básica da economia) e 4,5% de inflação, então, o estrangeiro que ainda tem juros menores lá fora pega o dinheiro e vem investir aqui no Brasil", explica.

De acordo com o analista da VG Research, Guilherme Morais, o resultado positivo do IBovespa é resultado de um cenário macroeconômico mais favorável nos Estados Unidos. Duas estatísticas foram divulgadas ontem, no país. As vendas no varejo tiveram uma alta de 1%, bem acima das projeções iniciais, que indicavam um crescimento de apenas 0,3%. Além disso, os pedidos de auxílio desemprego vieram abaixo do esperado.

"Dessa forma, o mercado reduz a possibilidade de desaquecimento e receio de recessão na economia americana, que ficou no radar desde o último dado de payroll no início do mês", conclui o analista. O dólar comercial encerrou o pregão em alta pelo segundo dia seguido, desta vez, de 0,27%, cotado a R$ 5,484 para a venda. O movimento acompanhou o de outras moedas ao redor do mundo, devido à valorização da moeda norte-americana, que subiu 0,44% no Índice DXY.

O economista-chefe da Bluemetrix Asset, Renan Silva, considerou que analisar somente o ganho nominal do IBovespa não é suficiente. Segundo ele, é necessário avaliar a média de retorno projetado pelas ações negociadas na Bolsa, que é calculado pela divisão entre o preço da ação e o lucro por ação (P/L). Atualmente, leva-se cerca de 8,5 a 9 anos, em média, para o investidor obter algum retorno sobre o papel comprado, o que indica que a Bolsa está mais "barata". "A máxima histórica foi obtida no início dos anos 2000, quando o IBovespa chegou a ter um P/L de 20 anos. A média histórica fica em torno de 11,5 anos, e, hoje, ainda trabalhamos abaixo desse patamar. O que ainda gera muita atratividade", disse.

Altas e baixas

Conforme os dados da B3, ontem, as ações do IRB Brasil registraram a maior alta entre as listadas no IBovespa, com salto de 30,66%. A companhia divulgou balanço do segundo trimestre deste ano, quando obteve lucro de R$ 65 milhões — acima do projetado pelos analistas. Também tiveram bons desempenhos as ações da Alpargatas e do Magazine Luiza, com altas de 4,84% e de 4,32%, respectivamente.

Enquanto isso, as maiores quedas ficaram por conta dos papéis da empresa de produtos para animais domésticos Petz, que encerrou o dia com queda de 9,69%, após divulgar o balanço do primeiro semestre deste ano com um lucro inferior ao registrado na segunda metade de 2023. Também tiveram uma queda mais forte as ações da Natura e da distribuidora de energia elétrica de Minas Gerais, a Cemig, que recuaram 5,76% e 3,84%, respectivamente.

Já as Americanas desabaram 58%, ontem, na pior queda diária no ano, fechando a R$ 0,14. Durante o dia, os papéis da empresa chegaram a registrara desvalorização de 70%. Apesar disso, a varejista não afetou o IBovespa, porque a companhia não integra a lista da B3 desde 2023, quando entrou com um pedido de recuperação judicial após anunciar prejuízo de R$ 40 bilhões. Ontem, foi divulgado o balanço financeiro da empresa, que revelou um prejuízo de R$ 3,2 bilhões em 2023. No primeiro semestre deste ano, o saldo também foi negativo, em R$ 1,4 bilhão.

Na avaliação da sócia da SM Futures, Vitória Saddi, mesmo com uma melhora em relação a 2023, o cenário da empresa ainda é de perdas. "Isso, obviamente, tem impacto no preço das ações. Teve essa queda hoje (ontem), mas na verdade é uma queda esperada, porque, com um prejuízo e um escândalo dessa magnitude e ainda ter um escândalo, ter uma ação valendo maior que zero já está bom. Eu acho que a queda ainda vai continuar", avaliou a economista.

 

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postado em 16/08/2024 03:00
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