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Liberdade, liberdade...

Jovens contam o quão difícil e necessária é a decisão de revelar para a família a homossexualidade. Sair do armário, porém, é uma atitude libertadora. Hoje, os pais também encontram apoio para aceitar a escolha do filho

postado em 06/05/2012 08:00

Jovens contam o quão difícil e necessária é a decisão de revelar para a família a homossexualidade. Sair do armário, porém, é uma atitude libertadora. Hoje, os pais também encontram apoio para aceitar a escolha do filhoA história se repete todos os dias, com personagens diferentes. O garoto era um bom aluno, tirava boas notas e entrou para a faculdade. Sempre foi um filho carinhoso e prestativo, mesmo que na adolescência tenha parecido um tanto tímido e fechado com os familiares. Cheio de saúde e muito bem educado, recebeu todo tipo de estímulos culturais e afetivos dentro de casa. Até que um dia assumiu para os pais que é homossexual. E todas as virtudes desapareceram por um momento: ;Onde foi que nós erramos?; Para a psicóloga Edith Modesto, que viveu essa exata situação 20 anos atrás, quando o filho caçula se assumiu gay, a sensação foi de revolta ; consigo mesma, com Deus, com o destino. ;Questionava o tempo inteiro por que eu? Por que meu filho? Parecia um castigo.;

Toda história, porém, tem dois lados. O(a) garoto(a) amava os pais, mas vive um constante conflito interno. Sente-se diferente desde criança e isso lhe trazia uma sensação de isolamento. Aos poucos, percebe que sua orientação sexual é diferente da esperada pela sociedade e pela família. E, a partir desse dia, começa sua guerra privada de autoaceitação. Aceitar quem é, que sua escolha não era uma opção e que, inevitavelmente, traz sofrimento para quem ama. Isso até tomar coragem de se assumir para a família. ;O que será da minha vida agora?; Foi assim com o relações públicas Gustavo Freitas, 23 anos. Todas as noites, remoía o momento em que contaria para a família sobre sua orientação sexual. Foram madrugadas insones, permeadas por dilacerantes pensamentos de medo e angústia. Numa discussão, ele finalmente revelou seu segredo. Passado o turbilhão de questionamentos ; mais especificamente quatro longos anos ;, mãe e filho, hoje, trocam confidências sobre seus relacionamentos com bom humor.

Ao mesmo tempo em que o ato de ;sair do armário; parece uma atitude de libertação, de abraçar uma nova vida livre de mentiras, significa também ter que lidar com a aceitação do outro. De saber que, ao menos por uma fase, ser homossexual parecerá maior do que ser todas as outras coisas: profissional, honesto, responsável. Não há momento certo. Hoje, jovens recém-egressos da infância já têm coragem de declarar a preferência sexual. Mas ainda há uma grande quantidade deles que imagina uma vida eternamente presa em uma gaiola. Os que se libertam, porém, garantem que nenhuma dificuldade supera o prazer de ser verdadeiro consigo e com os outros. E são essas as histórias que a Revista conta hoje.

Via internet
Sentado de frente a um computador, o relações públicas Júlio Cardia (foto), 28 anos, recebeu por e-mail um convite para integrar a rede social Orkut. Abriu a página e começou a preencher os espaços em branco requeridos para sua inscrição no site. Carregou uma foto sua, colocou nome, idade, cidade onde morava. Na vez da pergunta ;opção sexual;, Júlio sentiu um calor no rosto. Sem titubear, disse pela primeira vez ao mundo que era gay. Mal sua página entrou no ar e os amigos, chocados com a revelação virtual, começaram a ligar. Nada foi planejado. Mas, naquele momento, olhando para a tela do computador, Júlio optou por não mentir mais. Sua vida mudou a partir dali.


Leia a íntegra desta reportagem na edição n;364 da Revista do Correio.

Contatos úteis
- Grupo de pais de homossexuais

(11) 3031-2106
Edithmodesto@usp.br

- Estruturação ; Grupo LGBT de Brasília
(61) 3036-4544

- Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais


- Centro de Referência em Direitos LGBT de Brasília ; Casa Roxa
(61) 3381-2229
casaroxa@coturnodevenus.org.br

Nas prateleiras
Toda maneira de amor vale a pena, de Bety Orsini (Editora Primeira Pessoa)
Vidas em Arco-Íris: depoimentos sobre a homossexualidade, de Edith Modesto (Editora Record)
Agora que você já sabe, de Betty Fairchild e Nancy Hayward (Editora Record)

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