Denise Rothenburg, Bernardo Bittar
postado em 10/08/2018 01:14
Começou, nessa quinta-feira (9/8), a temporada de debates televisivos entre candidatos ao Palácio do Planalto. O primeiro deles foi transmitido pela TV Bandeirantes, e contou com oito dos postulantes à Presidência da República: Álvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriotas), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Jair Bolsonaro (PSL), Geraldo Alckmin (PSDB), Guilherme Boulos (Psol) e Marina Silva (Rede).
A ausência do PT fez com que o partido fosse escanteado pelos concorrentes. Pouco se falou sobre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba após ser condenado a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá (SP). A Justiça negou o pedido dele para que ele pudesse comparecer ao debate.
O chumbo trocado entre os presidenciáveis deu o tom do que vem por aí, a partir do dia 16, quando começa, de fato, a campanha eleitoral. Nessa quinta, sobravam críticas e faltaram propostas concretas e bem estruturadas. Jair Bolsonaro (PSL) negou-se, até, a responder uma pergunta de Guilherme Boulos (PSol), a quem chamou de "cidadão desqualificado".
Houve quem defendesse ideais em vez de responder aos questionamentos. Na internet, comentou-se a falta de fôlego dos presidenciáveis após o primeiro bloco, considerado o mais quente.
Candidato do PSol, Boulos usou o tempo das considerações iniciais para defender Lula ; a única vez em que o petista foi citado. "O ex-presidente Lula deveria estar aqui, mas está preso injustamente, enquanto o (presidente Michel) Temer está lá em Brasília", alfinetou Boulos. Daciolo falou sobre amor, fraternidade e citou, diversas vezes, o "nome de Jesus". No primeiro bloco, os presidenciáveis responderam sobre corrupção, investimento e geração de empregos.
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Boulos também teve um acalorado debate com Jair Bolsonaro ao dizer que o parlamentar tinha "mais imóveis que projetos aprovados". Nitidamente irritado, o candidato do PSL perdeu a mão e disse que não estava ali para discutir com um ;cidadão desqualificado", recusando-se a responder à tréplica do rival. Na internet, esse foi o momento mais comentado do debate. Usuários escreveram nas redes sociais que o "clima baixou" depois dos ataques mútuos no primeiro bloco.
[SAIBAMAIS] Geraldo Alckmin foi um dos mais questionados. Ciro Gomes, por exemplo, perguntou sobre a reforma trabalhista. O ex-governador do Ceará fez críticas ferrenhas às mudanças nas leis trabalhistas, que qualificou como "selvageria;. ;O seu partido (PSDB) votou a favor da reforma trabalhista. Mais de 32 milhões de trabalhadores foram empurrados para viver de bico. O senhor pretende manter a reforma?; O tucano respondeu que algumas arestas precisam ser ajustadas, mas bateu o pé na necessidade de alteração.
Álvaro Dias aparentava nervosismo e, por diversas vezes, ultrapassou o tempo estabelecido pelo mediador, o jornalista Ricardo Boechat. Tratou de mortalidade infantil e dos crimes contra a mulher quando teve a oportunidade de falar com Bolsonaro. O parlamentar respondeu que ;as mulheres de hoje em dia ganham mais que os homens em muitas carreiras; e que ;o estado não pode intervir;. Ao ser questionado sobre educação, o capitão da reserva citou matéria do Correio Braziliense desta semana sobre a aceitação de estudantes brasilienses do Colégio Militar na universidade norte-americana de Harvard.
Henrique Meirelles usou seu currículo para tentar sobressair. Sempre que podia, relembrava sua trajetória à frente de grandes empresas, como o Bank Boston e o Banco do Brasil. O ex-ministro de Fazenda frisou ser um ;candidato sem processo;, lembrou da criação de milhões de empregos enquanto esteve à frente de instituição financeira mais importante do país. ;Emprego não se cria no grito. Precisamos de investimentos.;
Marina ficou apagada em praticamente todo o debate. A candidata poderia ter aproveitado a oportunidade para se destacar. Preferiu usar frase de efeitos e foi mais citada na internet ao comentar sobre corrupção : "O mundo está cheio de lobo mau querendo comer o dinheiro da vovozinha".