Simone Kafruni - Enviada Especial
postado em 27/02/2018 10:17
Rio de Janeiro ; Em uma entrevista rápida, sem direito a muitas perguntas, o interventor federal no Rio de Janeiro, general Walter Souza Braga Netto, anunciou o gabinete que vai gerenciar a crise na segurança pública do estado. "A primeira medida que estamos tomando é a instalação do gabinete", afirmou.
O esquema operacional terá três núcleos. Um no Comando Militar do Leste, comandado pelo próprio Braga Netto, outro na Secretaria de Segurança Pública, chefiada pelo general Richard Fernandes Nunes, e um terceiro núcleo no Centro Integrado de Comando e Controle, a cargo do chefe de gabinete da intervenção federal, general Mauro Sinott.
Braga Netto não anunciou mudanças nos cargos de chefe da Polícia Civil e de comandante da Polícia Militar, que, por enquanto, ficam como estão. O general Sinott destacou que o objetivo será reforçar as polícias civil e militar, e não colocar tanques do Exército nas ruas, como a população esperava. "Vamos aumentar o policiamento ostensivo", garantiu.
A idéia do comando militar da intervenção é transformar a segurança pública do Rio para que ela volte a funcionar e possa caminhar com as próprias pernas ao fim da intervenção, em 31 de dezembro de 2018. "É uma oportunidade para as forças de segurança aproveitarem a expertise das Forças Armadas", destacou o interventor federal.
"A intervenção é um trabalho de gestão. Vamos auxiliar na gestão da segurança pública", assinalou Braga Netto. "O principal objetivo, por termos grave comprometimento da segurança pública do Rio de Janeiro, é recuperar a capacidade operativa e baixar os índices de criminalidade", acrescentou.
Sobre a forma de atuação dos militares, o general disse que não estão previstas mudanças nas regras de engajamento.
Corrupção
Para tentar acabar com a corrupção, Braga Netto ressaltou que fortalecerá as corregedorias para que os bons policiais sejam valorizados e os maus, penalizados. Sobre os recursos, o general disse que contará com o que está previsto no decreto presidencial. "Não temos, ainda, o levantamento dos valores. O que já temos é que faremos a atualização dos salários que estavam atrasados", afirmou. "Apesar de passar por dificuldades, o sistema de segurança do Rio nunca parou", completou.
O interventor garantiu que haverá transparência e que o Instituto de Segurança Pública (ISP) vai aprimorar seu trabalho para mostrar os resultados. "O Rio de Janeiro é um laboratório para o Brasil", disse Braga Netto.
UPPs
A respeito das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), o comando militar assegurou que terão continuidade e, por enquanto, seguem como estão. Algumas poderão ser redimensionadas. "Temos estudos feitos e as UPPs permanecem. Temos diagnóstico de que há necessidade de reestruturação", afirmou o secretário de Estado de Segurança, Richard Nunes.
A coletiva de imprensa durou cerca de 30 minutos, contados com apresentação inicial do general interventor, mas as perguntas tiveram que ser feitas previamente e poucas foram respondidas. A assessoria de comunicação do Comando Militar do Leste afirmou que as demais serão respondidas por e-mail aos jornalistas inscritos.