Bernardo Bittar, Fernando Jordão
postado em 20/02/2018 15:15
O PTB desistiu de indicar a deputada Cristiane Brasil para o cargo de ministra do Trabalho. A decisão foi anunciada ; via Twitter ; pelo presidente nacional da sigla e pai da parlamentar, Roberto Jefferson.
"Diante da indecisão da ministra Cármen Lúcia em não julgar o mérito neste 1; semestre, o PTB declina da indicação de Cristiane Brasil para o Ministério do Trabalho. A decisão do partido visa proteger a integridade de Cristiane e não deixar parada a administração do Ministério", disse Jefferson. "Agradecemos ao presidente Michel Temer e aos companheiros do partido pelo apoio e respeito com Cristiane Brasil durante esse período de caça às bruxas", completou o ex-deputado.
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Com a derrubada do nome de Cristiane, abre-se uma lacuna dentro do partido, que deve permanecer com a ;propriedade; da pasta. Ainda não há nenhuma substituição formal. Uma das opções, entretanto, deve ser Helton Yomura, que seria o interino da deputada no Ministério. Colocar um político e não um técnico escolhido pelo currículo pode ser uma tarefa difícil, já que o prazo para os candidatos em 2018 se descompatibilizarem de cargos como ministro ou secretário de Estado acaba em abril.
Sem a descompatibilização, não se pode concorrer a cargos eletivos. Desta maneira, apenas os políticos que não vislumbrem mandatos têm interesse em ocupar as vagas. O presidente Michel Temer afirmou ainda que não vai permitir que nenhum dos beneficiados pela reforma ministerial deixe o cargo antes do fim de seu mandato, em 1; de janeiro de 2019.
[SAIBAMAIS]Desde que foi feita pelo presidente Michel Temer, em 3 de janeiro, a nomeação de Cristiane Brasil vinha provocando polêmica. Isso porque a deputada já foi condenada a pagar R$ 60 mil a um ex-funcionário em uma ação trabalhista. No processo, o autor afirma ter trabalhado como motorista entre 2011 e 2014, recebendo R$ 4 mil mensais. No primeiro ano, o funcionário desfrutava de folgas apenas aos domingos. Depois, passou a trabalhar cinco dias por semana. Ainda de acordo com o homem, ele era o responsável por levar os filhos de Cristiane a "médicos, escola, psicólogos, baladas, etc".
Diante disso, teve início uma verdadeira batalha judicial. Em 8 de janeiro, o juiz federal Leonardo da Costa Couceiro, da 4; Vara da Fazenda Nacional, suspendeu a posse de Cristiane, atendendo a uma da seis ações movidas pelo Movimento dos Advogados Trabalhistas Independentes (MATI) contra a posse da deputada petebista. A partir de então, o governo recorreu diversas vezes ; e em várias instâncias ; para garantir a nomeação.
O imbróglio foi tão grande que o caso acabou parando no Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia manteve suspensa a posse da deputada e decretou que a competência neste caso era do próprio STF.
O cargo de ministro do Trabalho está vago desde 27 de dezembro do ano passado, quando o então titular, Ronaldo Nogueira, pediu demissão alegando que seria candidato nas eleições de outubro.
Vídeo em lancha
Em meio à disputa por sua nomeação, Cristiane Brasil gravou um vídeo em uma lancha, cercada de homens sem camisa, minimizando sua condenação na Justiça trabalhista. "O que tenho para falar pra vocês é o seguinte: todo mundo tem direito de pedir qualquer coisa na Justiça. Todo mundo pode pedir qualquer coisa abstrata, quem é que tem direito? Ainda mais na Justiça do Trabalho", disse.
A gravação causou desconforto até dentro do partido ; e da família ; da deputada. Um dia depois da divulgação das imagens, Roberto Jefferson repudiou o vídeo, afirmando que "uma figura pública deve se portar como uma figura pública, e usar ferramentas como Facebook e Instagram apenas em caráter constitucional".
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