Juliana Cipriani/Estado de Minas
postado em 03/01/2018 08:21
Recheado de expectativas, 2018 começa mais cedo para a política brasileira. O julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), marcado para o dia 24, vai antecipar as decisões que influenciarão o processo eleitoral de outubro, tradicionalmente deixadas para depois do carnaval. O calendário de todos os partidos e dos pré-candidatos, mesmo daqueles que não concorrerão ao Palácio do Planalto, aguarda o desenrolar da sessão do Tribunal Regional Federal da 4; Região, em Porto Alegre, que julgará o caso do triplex no Guarujá pelo qual o petista foi condenado em primeira instância pelo juiz Sérgio Moro.
A possível condenação de Lula tem gerado uma ampla mobilização da esquerda nas redes sociais. Apoiadores de Lula dizem que, se o petista não participar das eleições, elas serão uma fraude. Houve até quem criticasse a data escolhida para o julgamento, devido ao fato de ela coincidir com o dia em que dona Marisa, mulher de Lula, teve o AVC que a acabou matando, em 2017. Ocorre que, pela Lei da Ficha-Limpa, caso o TRF confirme a condenação do petista, ele poderá ficar impedido de concorrer ao Palácio do Planalto. Há ainda a possibilidade de ele participar do pleito sub judice, com a candidatura questionada na Justiça Eleitoral.
Movimentos sociais também já se organizam para ocupar a capital do Rio Grande do Sul e, por causa disso, o Ministério Público Federal entrou com pedido para impedir os protestos. A decisão do juiz federal Osório Ávila Neto foi por proibir a instalação de acampamento no local do julgamento e delimitar área para que os manifestantes fiquem na data da sessão.
O ex-presidente por causa do apartamento triplex no litoral de São Paulo, que nega possuir. O juiz Sérgio Moro o sentenciou pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. O ex-presidente é acusado, dentro da Operação Lava-Jato, de ocultar a propriedade que teria sido recebida como propina da construtora OAS como uma troca de favores para a empreiteira na Petrobras. Nas 218 páginas da decisão, Moro diz que caberia até a prisão preventiva do petista, mas que optou por não tomar tal atitude por prudência. Moro determinou ainda na sentença que Lula não poderá exercer cargo ou função pública. O ex-presidente sempre negou as acusações.
Troca de favores
De acordo com a acusação do MPF, em troca de contratos com a Petrobras, Lula teria recebido R$ 3,7 milhões em propina da OAS por meio da reforma do triplex no condomínio Solaris. A empreiteira também o teria favorecido com o pagamento de R$ 1,3 milhão para a empresa Granero guardar itens que o petista recebeu no exercício da presidência. No caso do armazenamento, o ex-presidente Lula foi absolvido.
Lula lidera as pesquisas eleitorais para a sucessão do presidente Michel Temer (PMDB), à frente do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC) e dos demais candidatos. Segundo um dos últimos levantamentos, divulgado em dezembro pelo DataFolha, Lula tem 34% das intenções de voto, contra 17% de Bolsonaro e 9% de Marina Silva (Rede). Em seguida aparecem o tucano Geraldo Alckmin e Ciro Gomes (PDT), com 6% das intenções cada um deles.
Depois de condenado pelo juiz Sérgio Moro, o ex-presidente Lula iniciou uma peregrinação pelo interior do Brasil, com caravanas passando pelos principais municípios de cada região. A primeira volta foi pelo Nordeste e, em outubro, ele visitou cidades de Minas Gerais. Alvo preferencial de ataque dos adversários, Lula vem repetindo que está com 72 anos, mas ;energia de 30;.
Entenda o caso
- A denúncia contra Lula por causa das relações com a OAS foi aceita em setembro de 2016. O Ministério Público Federal acusa o petista dos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção passiva
- Segundo os procuradores, o petista teria recebido R$ 3,7 milhões em propina por três contratos da OAS com a Petrobras. O dinheiro teria vindo pela reforma de um apartamento triplex no Guarujá (foto)e com o pagamento de uma empresa para guardar os presentes que Lula ganhou na presidência
- Também foram denunciados a mulher de Lula, Marisa Letícia, que faleceu em 3 de fevereiro de 2017, o ex-presidente da OAS, Léo Pinheiro, Paulo Okamotto, do Instituto Lula, Paulo Gordilho e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ex-executivos da OAS, Fábio Yonamine, ex-presidente da OAS Investimentos e Roberto Moreira Ferreira, ligado à OAS
- Em 12 de julho, Lula foi condenado pelo juiz Sérgio Moro a 9 anos e 6 meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e corrupção
- Moro considerou que Lula ocultou vantagem recebida pela OAS, como propina para participar de contratos da Petrobras, dinheiro pago a ele em decorrência de ocupar o cargo de presidente da República
- Segundo o MPF, a OAS destinou a Lula um apartamento triplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral de São Paulo, de frente para o mar
- A suposta propina teria chegado a R$ 2,76 milhões, equivalentes à diferença do que a família de Lula pago