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PF faz buscas nas casas de Marcelo Miller, Joesley Batista e Ricardo Saud

Na semana passada, o procurador-geral Rodrigo Janot solicitou a prisão de Miller, mas Edson Facchin negou o pedido. Joesley e Saud se entregaram ontem em SP

Jacqueline Saraiva
postado em 11/09/2017 06:51

O ex-procurador (à direita) é suspeito de fazer jogo duplo e de repassar informações para executivos da J enquanto ainda era integrante do MPF

A Polícia Federal (PF) cumpre mandado de busca e apreensão, nesta manhã de segunda-feira (11/9), na casa do ex-procurador Marcelo Miller, na Lagoa, Zona Sul do Rio de Janeiro. Em São Paulo, equipes da PF saíram de madrugada para cumprir mandados relacionados à prisão de Joesley Batista e Ricardo Saud, na Operação Bocca. Agentes foram à casa de Joesley Batista, no Jardim Europa. São cinco mandados judiciais no total, sendo quatro de busca e apreensão na cidade de São Paulo e um no Rio de Janeiro.

[SAIBAMAIS]Na semana passada, o procurador-geral Rodrigo Janot solicitou a prisão de Miller a Edson Fachin, que é relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). Fachin negou o pedido, dando ordem de prisão somente para os delatores da J Joesley Batista e Ricardo Saud, que já se entregaram e seguem hoje para Brasília. Por conta do sigilo das investigações, a PF não detalhará as ações em coletiva à imprensa.

Próximo de Janot, Miller, que agora atua como advogado, é suspeito de aproximação dos executivos do grupo J que firmaram delação premiada à Operação Lava-Jato, quando ainda atuava na Procuradoria. Pelo menos seis meses antes de pedir exoneração das funções de procurador, atuava também no Rio de Janeiro. O advogado é o pivô da investigação que pode culminar na rescisão da delação de Joesley e Saud, que tem como base áudio enviado pela defesa dos colaboradores em anexo complementar sobre o senador Ciro Nogueira (PP). Ele integrou a força-tarefa da Operação Lava-Jato e atuou nas delações do ex-senador Delcídio do Amaral e do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.

Após deixar o MPF, ele passou a integrar o escritório de advocacia Trench, Rossi e Watanabe, e integrou o time de advogados que negociaram o acordo de leniência da J. O ex-procurador ainda fazia parte do Ministério Público quando começou a conversar com os executivos, ao final de fevereiro. Ele pediu exoneração das funções no mesmo mês, mas a deixou de fato apenas em abril. No áudio dos delatores, alvo de investigação, ele é mencionado por Joesley como um procurador da República que atuaria em benefício do grupo.

Justificativas

Em comunicado divulgado ontem, a defesa de Miller repudiou ;veementemente o conteúdo fantasioso e ofensivo das menções ao seu nome nas gravações divulgadas;. Ele ainda afirmou que ;jamais fez jogo duplo ou agiu contra a lei;. Ao fim, conclui que sempre acreditou na Justiça e nas instituições e que está à disposição para prestar esclarecimentos e auxiliar nas investigações.

Boca da verdade

O nome da operação é uma alusão à "Bocca della Verità", ou "A Boca da Verdade", uma imagem esculpida em mármore de uma face humanoide que fica no pórtico de Santa Maria in Cosmedin, em Roma. A mais famosa característica dela é como "detector de mentiras". Desde a Idade Média, acredita-se que se alguém contar uma mentira com a mão na boca da escultura, ela se fecharia "mordendo" a mão do mentiroso.

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