O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso pela Polícia Federal (PF) nesta manhã de sexta-feira (8/9). Ele chegou a cobrir o rosto ao deixar o prédio onde reside e cumpre prisão domiciliar, em Salvador (BA), mas não escapou de gritos e comemoração de alguns populares que acompanharam a ação da polícia. Os agentes, que haviam chegado ao bairro Jardim Apipema por volta das 5h40, levaram o político em um carro do órgão até o aeroporto da cidade. A prisão, em caráter preventivo, ocorre em mais uma etapa da Operação Tesouro Perdido, a quarta etapa da Cui Bono?.
Outra prisão preventiva é contra Gustavo Pedreira do Couto Ferraz, nome ligado a Geddel nas investigações, tendo sido, inclusive, indicado por ele para buscar, em 2012, valores ilícitos remetidos por Altair Alves, emissário do ex-deputado Eduardo Cunha. A previsão é de que os dois sigam de avião para a sede da PF em Brasília. A chegada está prevista inicialmente para as 15h. Além disso, agentes da PF cumpriram 3 mandados de busca e apreensão: na casa de Geddel e na da mãe dele - ambas no mesmo prédio-, e na de Gustavo Couto Ferraz, também em Salvador. Além das prisões e apreensões, foram autorizadas as quebras de sigilo telefônicos, telemáticos, postais, bancários e fiscais.
As ordens foram expedidas pela 10; Vara Federal de Brasília, a pedido do Ministério Público Federal (MPF) e da PF com o objetivo principal de evitar destruição de provas. No documento, assinado pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, foi destacado que a prisão de Geddel e de Gustavo Couto foram necessárias "para a garantia da ordem pública e para a aplicação da lei penal." Depoimentos de investigados e o exame pericial realizado nas cédulas e no apartamento indicam que os R$ 51 milhões eram mantidos escondidos por Geddel com o auxílio direto de Gustavo Couto Ferraz. "Ambos manusearam essa estrondosa quantia, o que, somado aos outros indícios, levam à conclusão da propriedade ou posse do dinheiro apontada para ambos", diz a decisão.
A medida do TRF da 1; Região também destacou que manter Geddel em prisão domiciliar sem tornozeleira é um ato "completamente ineficaz" diante das provas encontradas. "Não há, diante dessas novas circunstâncias, nenhuma possibilidade de se assegurar que o preso domiciliar esteja cumprindo e possa continuar cumprindo rigorosamente todos os requisitos da cautela." O juiz destacou também que Geddel foi ouvido diversas vezes pelos investigados e, em nenhum momento, revelou que detinha os valores encontrados no apartamento, fator considerado por ele como "gravíssimo e atual", que evidenciam o crime permanente de lavagem de dinheiro, entre outros.
[SAIBAMAIS]A prisão do ex-ministro ocorre três dias após agentes se em um apartamento na capital baiana, durante a Operação Tesouro Perdido. Depois de 14 horas, usando sete máquinas, a PF chegou ao valor de pouco mais de R$ 51 milhões (R$ 51.030.866,40) - uma parte em dólares -, a maior apreensão de dinheiro vivo já feita pelo órgão. A investigação aponta que o ex-ministro, que ocupou a Secretaria de Governo no início do governo Temer, é o dono do dinheiro. No local foram encontradas impressões digitais de Geddel e de Gustavo Ferraz.
Os milhões em cédulas foram armazenados na residência que teria sido emprestada a ele por um homem identificado como Silvio Silveira, um corretor de imóveis, para que Geddel guardasse os pertences do pai, já falecido. O corretou negou ter conhecimento do dinheiro no apartamento. O imóvel, localizado no Residencial da Silva Azi, tem três quartos e uma suíte está sendo vendido por R$ 600 mil.
Investigação
Geddel foi preso em 3 de julho deste ano, por ordem da Justiça Federal do DF e levado à prisão domiciliar no dia 12 daquele mês por força de decisão do Tribunal Regional Federal, onde se encontrava até hoje. Um dos responsáveis pela articulação política do governo de Michel Temer, ele deixou o cargo de ministro da Secretaria de Governo após seis meses, em novembro do ano passado, depois de uma polêmica envolvendo o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero. Este o acusou de tê-lo pressionado para liberar uma obra na Ladeira da Barra, em Salvador.
No final de agosto, a Justiça de Brasília aceitou a denúncia da Procuradoria-geral da República (PGR) contra Geddel e o transformou em réu por obstrução de justiça, por tentar atrapalhar as investigações sobre desvios do fundo de investimentos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS).
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