Rodolfo Costa
postado em 18/03/2017 07:10
Outras operações semelhantes à Carne Fraca podem surgir. Até mesmo outras fases da mesma operação não podem ser descartadas. Essa é a avaliação do secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Eumar Novacki. ;Estamos instaurando procedimentos administrativos em todas as irregularidades que tomamos conhecimento. E estamos compartilhando todas as informações apuradas com o Ministério Público e a Polícia Federal. Então, essa parceria vai existir e continuaremos trabalhando muito firmemente para evitar que isso (corrupção) se repita no futuro;, afirmou.O desbaratamento da Operação Carne Fraca, por exemplo, provocou o afastamento de 33 servidores públicos. Desse total, quatro eram trabalhadores que ocupavam cargos de confiança na pasta e já foram exonerados. ;Quanto aos outros, instauramos procedimentos administrativos que podem levar até mesmo à demissão;, afirmou Novacki. Alguns procedimentos, por sinal, foram abertos no passado e continuam em fase de investigação.
[SAIBAMAIS]A pasta está comprometida em contribuir com todas as informações necessárias para a investigação dos agentes da PF e dos integrantes do MP. ;Daremos todo o suporte em busca de investigações. Queremos acabar com qualquer situação de desvios dentro do ministério;, declarou o secretário-executivo. Embora não negue a preocupação em resolver com transparência as irregularidades, minimiza o impacto da pasta no esquema investigado. ;São 33 servidores em um universo de 11 mil, dos quais 2,3 mil trabalham diretamente na área de inspeção. Isso não significa e não representa de forma alguma a postura do ministério e de seus servidores, que são, em grande maioria, profissionais de boa índole;, sustentou.
Novacki reforça, também, que o esquema investigado aponta para irregularidades em 21 plantas frigoríficas e quatro grupos econômicos empresariais, de um universo de 4.837 estabelecimentos comerciais. ;Isso demonstra que não é um fato cotidiano. São fatos isolados que não representam a postura do ministério;, analisou. A avaliação dele é de que o sistema de vigilância sanitária do Brasil é ;consolidado;, ;robusto; e ;aprovado por inspeções internacionais;.
;Nosso sistema funciona. Agora, nenhum sistema está livre de má índole. Se tem pessoas atrás desse sistema operando com segundas ou más intenções, não haverá contradição. Mas tomamos medidas para tornar difícil a fraude, estabelecendo sistemas de monitoramento de resultados e auditorias;, disse. Novacki destaca que a atual gestão assumiu a pasta em maio de 2016 e, segundo ele, foram feitas desde então uma ;série; de ajustes. ;As primeiras denúncias desses procedimentos aconteceram, há quase sete anos, por servidores sérios que não aceitam desvios. E há dois anos as investigações começaram;, ressaltou.
A expectativa do ministério é que outros servidores façam as denúncias para evitar mais casos de impunidade. A pasta conta com diferentes canais para que os servidores possam delatar servidores corruptos. ;Temos um 0800 onde as pessoas ligam para denunciar. E temos um e-mail institucional em que também podem reclamar. Muitas vezes usam os telefones para reclamar, ligando não diretamente no 0800 da ouvidoria. Mas não importa a forma como cheguem as informações. Toda denúncia será importante para iniciar um curso de investigação;, assegurou Novacki.