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Reunião entre Lula e Dilma no Alvorada termina sem anúnico oficial

Caso aceite assumir a Secretaria de Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá como primeiro desafio rearranjar as cadeiras do tripé econômico para conseguir dar uma resposta ao mercado financeiro

Naira Trindade, Paulo de Tarso Lyra
postado em 16/03/2016 06:00
Caso aceite assumir a Secretaria de Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá como primeiro desafio rearranjar as cadeiras do tripé econômico para conseguir dar uma resposta ao mercado financeiro

A bombástica delação premiada do Senado Delcídio do Amaral, homologada ontem pelo Supremo Tribunal Federal (STF), deixou em banho-maria a efetivação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no governo da presidente Dilma Rousseff (PT). O ex-petista, que deixou o partido oficialmente ontem, diz que Lula tentou comprar o silêncio do ex-executivo da Petrobras Nestor Cerveró, preso na Operação Lava-Jato. O encontro terminou às 23h25, após quatro horas e meia, sem nenhum anúncio. Existe a expectativa de que a decisão seja oficializada hoje pela manhã. Nos bastidores, circula a informação de que a presidente também pode anunciar uma minireforma ministerial.

[SAIBAMAIS]Caso aceite assumir a Secretaria de Governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá como primeiro desafio rearranjar as cadeiras do tripé econômico para conseguir dar uma resposta ao mercado financeiro. Uma das condições para o petista bater o martelo da definição se aceitará mesmo o cargo dentro do Palácio do Planalto está na liberdade que a presidente Dilma Rousseff o dará para trocar os ministros da área econômica. Além de cuidar da articulação política, Lula deve assumir a liderança do chamado Conselhão, Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

Minutos antes de ir ao encontro com Dilma, a maior estrela petista recebeu o senador Lindberg Farias (PT-RJ) no hotel Royal Tulip e garantiu que ainda estava indeciso. Queria primeiro conversar com Dilma e depois com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), antes de anunciar qualquer medida. O senador, porém, fez um apelo para que o colega petista ;ajude o país a vencer este momento de crise;.

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;Ele aumenta muito capacidade de articulação política do governo. O presidente Lula é respeitado por muita gente do PMDB. Ele tem uma característica de saber escutar, então aumenta muito a chance de vencer a batalha do impeachment. A gente sabe das dificuldades. Então, com a entrada do presidente Lula, o governo sai fortalecido na batalha do impeachment;, afirmou. A oposição alega que a possível nomeação do petista é uma manobra para ele se revestir de foro privilegiado e evitar ser julgado pelo juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos relativos à Operação Lava-Jato. Ontem, o ministro do STF Marco Aurélio Mello refutou as suposições de que a Corte seria benévola com o ex-presidente. O magistrado lembrou que o Supremo já condenou políticos no mensalão.

Previamente apelidado de superministro, o ex-presidente deverá acumular funções no governo da presidente Dilma. Olhará atentamente para a economia, fará a ponte entre governo e o legislativo, recebendo deputados e senadores e ainda ouvirá a sociedade no recentemente reativado Conselhão. O conselho é um projeto do ex-presidente, criado em 2003, para ouvir as demandas de representantes do governo, trabalhadores e empresários. Muito usado pelo petista, que era considerado um ;bom ouvinte;, o Conselhão foi escanteado no governo Dilma e ressurgiu das cinzas no auge da crise política para tentar salvar o governo.

Ao longo do dia, antes da reunião entre Lula e Dilma, no Planalto, assessores ligados a presidente calculavam estarem 99% definido a inclinação do petista em aceitar o ministério. ;Ele é a última cartada do governo;. Na segunda-feira, inclusive, já tendendo a assumir a pasta, Lula teria procurado o vice-presidente, Michel Temer, para chancelar a manutenção do apoio do partido ao governo. Lula precisa evitar uma debandada do partido aliado, que se esquiva de tratar do assunto a fim de respeitar o prazo de 30 dias estipulado sábado na convenção nacional da legenda. Isso só voltará ao debate em reunião do diretório.

Antes de embarcar para Brasília, ontem, o ex-presidente ouviu apelos da cúpula do PT e também do presidente nacional do partido, Rui Falcão, para que se sensibilizasse pela importância de assumir o ministério e ajudar a presidente a dar um novo rumo ao país.

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