;Presidente, estou aqui descumprindo ordem médica, mas precisava vir para apresentar as demandas do setor.; Foram estas as palavras ditas pela senadora Kátia Abreu (TO), recém-operada e, à época, ainda filiada ao PSD, na primeira audiência das duas no Palácio do Planalto. Para Dilma, que descobriu, em plena corrida eleitoral, um câncer no sistema linfático, deparar-se com uma mulher que, como ela, não deixa de trabalhar apesar dos problemas de saúde, era a senha que faltava para transformar a futura ministra da Agricultura em uma das pessoas mais próximas a ela no restrito círculo do poder de Brasília.
Por coincidência, foi justamente nas eleições de 2010, quando Dilma retirou um tumor de 2,5cm da axila direita e passou quatro meses fazendo quimioterapia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, que ocorreu o primeiro contato entre ambas. Kátia, filiada ao DEM, relatora do projeto que derrubou a CPMF no Senado e que, até hoje, é apontada como a maior derrota do governo Lula, escreveu uma longa carta desejando ;força; para Dilma. ;Ela disse para a presidente ter coragem e fé para enfrentar a doença. E acrescentou que a saúde dela era muito importante para assegurar a presença feminina na política;, lembra uma amiga da senadora de Tocantins.
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Até então, o contato entre ambas era zero. Aliados afirmam que a carta não tinha interesses políticos, apenas uma demonstração de solidariedade. Kátia fez campanha para José Serra em 2010 e não poderia, abertamente, apoiar a candidata do PT. Mas, ao término do segundo turno, ela debruçou-se sobre o mapa eleitoral feito pelos analistas políticos da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e afirmou: ;A presidente terá de nos procurar para buscar o apoio nos locais onde ela não tem;.
Na verdade, Kátia, de longe, observava os passos da presidente desde a metade do primeiro mandato de Lula. Ainda que de forma oblíqua. A ruralista percebia os embates da chefe da Casa Civil com a então ministra do Meio Ambiente, Marina Silva ; essa sim, considerada adversária ferrenha. ;Kátia sabia que precisava de uma aliada forte. Marina, além de empedernida, era protegida de Antonio Palocci;, recorda uma aliada da presidente da CNA.
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