Não vou comparecer. Se virem. Não colaboro com o inimigo;. Esta foi a resposta do militar da reserva José Conegundes do Nascimento a uma convocação da Comissão Nacional da Verdade (CNV), para prestar depoimento em uma audiência pública sobre o período da guerrilha do Araguaia (1967-1974). Nenhum dos cinco militares convocados pela CNV compareceu ao encontro, ocorrido no fim da manhã de hoje, em Brasília. A CNV pedirá ao Ministério da Defesa que instale um procedimento administrativo para apurar a conduta dos militares.
;É uma afronta à Comissão, que foi constituída por lei e tem o direito de colher esses depoimentos. Nós optamos por informar o ministro, para que Ministério da Defesa apure. Até porque, nós estamos diante de uma infração disciplinar, e nesse sentido há que se verificar se isso não está decorrendo de problemas de saúde, tal a gravidade da afronta;, disse o coordenador da CNV, Pedro Dallari.
Além de Conegundes, o militar da reserva José Brant Teixeira também decidiu não comparecer, justificando que ;Segundo orientação do Comando do Exército, as convocações devem partir daquela autoridade;, embora não exista base legal para isso. Os outros três militares convocados (Leo Frederico Cinelli, Ênio Mandetta e Sebastião Rodrigues de Moura, mais conhecido como ;Major Curió) alegaram problemas de saúde e também não compareceram. Em tese, o não comparecimento sem uma justificativa plausível configura crime de desobediência e abre a possibilidade de condução coercitiva (à força).
Rubens Paiva
Nesta terça-feira, a CNV pretende ouvir o general José Antônio Nogueira Belham. Ele era o chefe da unidade do DOI-Codi do Rio de Janeiro, onde foi torturado e morto o ex-deputado Rubens Paiva, morto em 1971. Belham ainda não respondeu à convocação da CNV. Além deve, também podem ser ouvidos os militares Carlos Orlando Fonseca, que acompanhou os acontecimentos na guerrilha do Araguaia, e Pedro Ivo Moezia de Lima, que chefiou o DOI-Codi em São Paulo. [SAIBAMAIS]