Ainda sob o efeito da derrota do Brasil no Mundial, governo e oposição buscam o discurso para atrair 47 milhões de eleitores - um terço do eleitorado, que ainda não vestiu a camisa de um lado ou do outro para as eleições de outubro. Os oposicionistas defendem que o vexame perante a Alemanha apenas coroou um torneio que teve obras superfaturadas, entregues com atraso e resolvida pelo jeitinho brasileiro de decretar feriados nos dias dos jogos para não travar a mobilidade. Para os governistas, a ;Copa das copas; foi um sucesso, os aeroportos funcionaram, os pessimistas foram calados e não se pode culpar a presidente Dilma Rousseff (PT) porque não foi ela quem entrou em campo ou escolheu Luiz Felipe Scolari para ser treinador da Seleção Brasileira.
[SAIBAMAIS];A partir de agora, viveremos a Copa das culpas;, disse Carlos Melo, cientista político e professor do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa. ;Cada um dos lados vai tentar empurrar para o outro as razões desse fracasso. O eleitor indeciso será bombardeado por uma guerra infinita de versões;, prosseguiu Melo. O especialista lembra que, nas redes sociais, a cada gol alemão, multiplicavam-se cobranças à presidente pela ausência de investimentos em saúde e em educação e a prioridade dada às obras para o Mundial. ;Mas não podemos esquecer que São Paulo, governado pelo PSDB, lutou para sediar a abertura dos jogos;, completou.
O cientista político da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Fábio Wanderley avalia que o povo brasileiro sabe separar bola e voto. ;A verdade é que ainda vai correr muita água até as eleições;, afirma. Ele acredita, no entanto, que a derrota pode servir como adubo para o recrudescimento das manifestações de rua que sacudiram o Brasil em junho do ano passado.
O Planalto e a campanha do PT pela reeleição de Dilma Rousseff asseguram que, até o momento, não há qualquer razão para mudanças de planos. A presidente segue disposta a ir ao Maracanã no domingo para entregar a taça ao vencedor do Mundial. Há alguns dias, a decisão causou estresse entre a Secretaria de Comunicação da Presidência e o Ministério do Esporte, pois Aldo Rebelo confirmou a presença de Dilma à Fifa antes de comunicá-la do convite.
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