O senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) disse nesta terça-feira (10/7), véspera do julgamento do pedido de cassação de seu mandato, esperar que a verdade prevaleça e que o Senado não opte pela perda do mandato de forma apressada. "O Senado vai optar pelo devido processo legal, sem pressão, em julgamento baseado em provas, não em campanhas de danos contra senadores", afirmou.
"O Senado vai entender que o julgamento é político ou, nas palavras do Supremo Tribunal Federal, que o processo é administrativo-parlamentar, mas o julgamento tem de ser justo, baseado em provas, não em provações; sustentado em fatos, não em ilações. E não há nesse processo uma só prova, um só fato que caracterize quebra de decoro", disse o senador, em seu último discurso antes do julgamento do processo de cassação por quebra de decoro parlamentar.
O processo foi aprovado de forma unânime pelo Conselho de Ética e pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), órgãos do Senado. As duas votações ocorreram de forma aberta e nominal. Amanhã no plenário, porém, a votação será secreta. Para cassar o mandato de Demóstenes, serão necessários 41 votos favoráveis em um universo de 81 senadores.
No discurso de hoje, o senador goiano disse que precisou enfrentar muitas "barreiras", nos últimos quatro meses, desde a divulgação das denúncias sobre sua estreita relação com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.[SAIBAMAIS]
"As barreiras foram ultrapassadas uma a uma. Aliás, resta uma, a votação de amanhã, quando o Senado vai escolher que futuro pretende, se de insegurança jurídica, em que qualquer de seus integrantes terá de ser eliminado para atender à sanha acusatória, ou um amanhã justo, respeitando-se os direitos dos representados, sem pressa", disse o senador.
Demóstenes é acusado de ter colocado seu mandato a serviço da organização criminosa supostamente comandada por Cachoeira. Ele é apontado como "braço político" da rede investigada pela Polícia Federal.
Hoje, Demóstenes voltou a dizer que é inocente. "Quem nada fez de errado não espera por isso e, por isso, a campanha pérfida o impele para o canto, para o chão", afirmou. "Fiquei semanas inteiras assim, olhando para o vazio, fitando o infinito, com vergonha dos amigos, não por ter feito algo reprovável, mas por me sentir pequeno diante da onda de perseguição, diminuído, acuado, sem poder de reação, vendo, ouvindo e lendo impropérios."
Ele disse que voltou a recorrer à fé para suportar a onda de acuções. "A mídia pode criticar, com a má vontade que está se tornando costumeira, mas eu tinha de dizer, como o fiz no Conselho de Ética, que, quando imaginava que não havia mais condição de suportar, vali-me da fé e fui atendido."