Paulo de Tarso Lyra
postado em 17/12/2011 08:00
A presidente Dilma Rousseff passou um recado aos partidos da base aliada de que não permitirá a ingerência de legendas na composição do ministério ; a reforma está programada para o fim de janeiro. Descontraída, mas sem perder a forma enfática de falar, repetiu três vezes a frase sobre sua disposição contra malfeitos, prometeu tolerância zero no combate à corrupção e adiantou que não pretende fazer uma mexida ministerial ampla. Ela também garantiu que não modificará as estruturas das secretarias de Políticas para as Mulheres e de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, entre outras pastas da área social.
;Nós vamos fazer um governo que não tem nenhum compromisso, eu não tenho nenhum compromisso, meu governo não tem nenhum compromisso com qualquer prática inadequada, de malfeitos, de corrupção. É zero. Tolerância zero;, defendeu Dilma. Ao comentar especificamente os casos de ministros afastados ao longo do ano alvejados por denúncias, a presidente disse que sentiu a saída de alguns, que seriam ;muito capazes; e que não pretende fazer uma ;caça às bruxas;. ;Não quero que se faça uma caça às bruxas. Já se viu isso em outros países e não dá certo, não se leva a boa coisa. Não acho isso bom para um país que deu tantos passos democráticos como o nosso.;
Dilma minimizou as recentes acusações contra o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, que teria favorecido clientes de sua consultoria em Belo Horizonte. ;O Pimentel não tem nada a ver com o meu governo. Do que estão acusando ele, não tem nada a ver com o meu governo.; Perguntada se não seria o mesmo caso do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci, Dilma afirmou que foi ele quem quis deixar o governo.
A presidente também prometeu lutar contra a interferência dos partidos aliados em seu governo. ;Que nenhum partido político interfira nas relações internas do governo;, avisou a presidente. Em seguida, ela deu um recado à base: ;Isso vale para todos os partidos políticos. Uma coisa é governabilidade, que os partidos participem e indiquem nomes. Mas, uma vez que o nome foi indicado, ele presta contas ao governo e a mais ninguém;, alertou.
Oposição
Dilma afirmou que não pretende fazer uma reforma ministerial ampla, tampouco excluir algumas pastas, negando especulações de que fundiria as pastas ligadas aos Direitos Humanos, como a própria Secretaria dos Direitos Humanos, a de Políticas para Mulheres e da Igualdade Racial. ;Cada ministério tem um determinado tipo de responsabilidade, como a Fazenda ou a Educação. Tem ministério com responsabilidade política imensa, como o das Mulheres ou da Igualdade Racial;, justificou.
A presidente destacou também a importância de dialogar com a oposição. ;Eu estendo várias mãos (à oposição). Nos países do mundo, temos visto relação incivilizada, deletéria entre governo e oposição, como nos Estados Unidos;, citou como exemplo. ;Essa é uma das piores doenças da democracia. Em vários países, se perdeu a noção do que é interesse nacional e interesse partidário;, criticou.
Choque de gestão
Se depender da promessa da presidente Dilma Rousseff, o Brasil chegará ao fim de seu governo com um Estado mais profissional, menos burocrático e prestando serviços públicos de mais qualidade. ;A eficácia de um governo vai se dar com a mudança de práticas de governança. (...) Valorização de um lado e exigência de eficiência do outro. Estou falando de meritocracia e profissionalismo. Precisamos profissionalizar o setor público brasileiro. Preciso ser representante do governo federal de um Estado que seja ágil;, defendeu. Perpassando uma série de programas lançados ao longo de seu governo, Dilma ressaltou a necessidade de melhorar a máquina pública, dando um choque de qualidade no serviço público. ;Nenhum país do mundo, nem a China, avançou sem reformar o Estado;, apontou.