Politica

Saída de Lupi faz partidos iniciarem disputas programadas para janeiro

postado em 06/12/2011 07:23
Sexto ministro demitido por denúncias, Carlos Lupi não resistiu no cargo até a reforma ministerial
Presa em um nó partidário de aliados famintos e descontentes, a presidente Dilma Rousseff terá que conciliar na primeira reforma ministerial oficial de seu governo a resolução de problemas administrativos, a saída de titulares que disputarão as eleições de 2012 e a assimetria de poder entre legendas aliadas.

A presidente ainda não fechou seus planos, mas já recebeu lista de reivindicações. O PT quer os ministérios das Cidades e do Trabalho. O PMDB, por sua vez, anda insatisfeito, reclamando que só ganhou ministérios sem capilaridade.

Para melhorar sua situação na Esplanada, o aliado pleiteia a pasta de Transportes, acrescida da Secretaria de Portos, que deve perder o status de ministério. A disputa dos aliados pela ampliação do espaço na Esplanada já se refletiu no Congresso. O governo encontra dificuldades em aprovar a lei que prorroga a Desvinculação de Receitas da União (DRU) e os parlamentares já trabalham com a possibilidade de não votar o orçamento este ano.

No xadrez do enxuga e troca ministerial, a restruturação de algumas pastas é avaliada por Dilma. A presidente tem criticado o modelo de gestão e chegou à conclusão de que é impossível se reunir com quase 40 ministros. Para resolver a questão, avalia fundir pastas que têm ações correlatas, como Trabalho e Previdência; Agricultura e Pesca; Igualdade Racial, Políticas para Mulheres e Direitos Humanos; e Transportes e Portos ou Integração Nacional e Portos.

A chuva de ministros derrubados por denúncias de corrupção prejudicou os planos da presidente, de modificar a gestão das pastas em 2012. Há três meses, Dilma discutiu em reunião de coordenação política a proposta de dividir a Esplanada em áreas ;guarda-chuva;. Em vez de despachar com os titulares dos 38 ministérios, a presidente sugeriu que as pastas fossem divididas em grandes temas e que um ministro ; com perfil mais técnico e testado pelos anos do governo PT ; fosse o coordenador temático, ou seja, o responsável que conversaria com ela. Com isso, Dilma criaria uma modalidade de ;vice-ministros;, ideia que já incomoda os aliados, mas resolveria problemas administrativos e de agenda do Planalto.

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), afirma que por enquanto a presidente mantém a sete chaves as novidades de sua reforma ministerial, mas que os aliados já foram avisados de que não haverá grandes mudança na correlação de força dos partidos. ;As informações são de que será uma coisa pontual, não uma grande reforma. As forças políticas serão mantidas, não vão mexer nos partidos para fazer um xadrez completo.;

Eleições municipais
A avaliação dos aliados é de que o ano de turbulência política que antecedeu a reforma oficial limita os planos da presidente no momento de montar seu primeiro ministério de fato. ;É sempre complicado fazer uma reforma no meio do mandato. Quando o novo governante assume é que ele decide o tamanho do Estado. Fazer mais composições depois é complicado;, afirma o senador Wellington Dias (PT-PI).

Denúncias de corrupção e de deslocamentos políticos, no entanto, forçarão Dilma a realizar composições. Pelo menos quatro ministros (ver quadro) amargam frigideira graças a irregularidades apontadas em suas pastas e outros quatros figuram na lista de pré-candidatos a prefeituras em 2012. No caso do ministro da Educação, Fernando Haddad, seu afastamento poderá dar lugar a Aloizio Mercadante, que deixaria o Ministério de Ciência e Tecnologia para assumir a pasta na reforma ministerial.

O lugar de Mercadante voltaria para as mãos do PSB, que já comandou a pasta de Ciência e Tecnologia. O Ministério do Trabalho, comandado pelo interino Paulo Roberto dos Santos Pinto após a saída de Carlos Lupi, é alvo da cobiça de setores do PT, assim como a pasta de Cidades, pois o titular Mário Negromonte (PP) não deve ser reconduzido na reforma. Se atender aos pleitos do PT, Dilma terá que acomodar o PDT e o PP em outros ministérios, para manter a harmonia da coalizão.

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