postado em 25/07/2011 20:15
O Senado mandou arquivar a representação de advertência e censura a Roberto Requião (PMDB-PR), que tomou um gravador das mãos do repórter Victor Boyadjian, em abril, quando perguntado sobre a aposentadoria vitalícia que recebia como ex-governador do Paraná. De acordo com o parecer da advocacia do Senado, o ato não configura falta de decoro parlamentar. Segundo o documento, o Sindicato dos Jornalistas ;não tem legitimidade; para propor processo administrativo disciplinar contra Requião.Com endosso do advogado-geral Alberto Cascais, os advogados Fernando Cunha e Hugo Souto Kalil afirmam que o sindicato "não instruiu sua petição com documentos que indicassem o mínimo de lastro probatório dos fatos atribuídos ao senador". Em tom de deboche, o parecer informa que o o peemedebista não cometeu agressão ao perguntar ao jornalista se ele ;queria apanhar;.
O episódio aconteceu em 26 de abril e a decisão do presidente da Casa, José Sarney, foi tomada no dia 18 de maio, mas só foi divulgada nesta segunda-feira, até mesmo para o Sindicato dos Jornalistas. "O silêncio do Senado passa um péssimo recado à sociedade", afirma o presidente do sindicato, Lincoln Macário. "Apesar do corporativismo encarnado no presidente do Senado, havia alguma esperança de que o episódio resultasse ao menos numa censura pública , como prevê o regimento da Casa", completa Macário.
O jornalista Victor Boyadjin disse que não se surpreendeu com o parecer da advocacia. "Já tinham me alertado que seria uma decisão desse tipo, pela reação inicial do senador Sarney", alegou. "Aliás, não posso esperar nada de quem chama o impeachment de um presidente de acidente", acrescenta, referindo-se à referência de Sarney ao impeachment do então presidente Fernando Collor.
Já Requião aprovou o parecer. "Eu respondi as perguntas até que ele veio dar uma de engraçadinho", afirmou, reiterando que não tem por que falar sobre a aposentadoria vitalícia de governador, hoje extinta.