Politica

Fachada do MME mantém quase todas luzes acesas após horário do expediente

Crescimento dos gastos federais com a conta de luz indicam que é longo o desafio de "fazer mais com menos"

postado em 13/03/2011 10:01
O Ministério de Minas e Energia (MME) mantém praticamente todas as luzes ligadas em seu edifício-sede. Andar por andar, sala por sala, é possível perceber, do estacionamento ou da calçada ao lado do prédio, que não há quase ninguém trabalhando naquele horário na pasta responsável por gerenciar as políticas de energia elétrica no país. A situação se repete há algumas semanas. Neste início de ano, a máxima ;fazer mais com menos;, usada repetidas vezes pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, está longe de ser cumprida em atitudes simples na Esplanada, já que R$ 50 bilhões foram cortados do Orçamento da União justamente para ajustar as contas. O próprio MME foi um dos atingidos pela tesourada: 24% dos R$ 978 milhões estão bloqueados.

Segundo informações da assessoria de comunicação do ministério, as luzes ficam acesas depois das 20h porque ;obras de melhoria; estão sendo feitas após o horário do expediente ;para não prejudicar as atividades institucionais e evitar acidentes;. A assessoria argumentou, ainda, que o ministério ;trabalha com eficiência energética; e que no ano passado substituiu toda a rede elétrica velha.

A reportagem visitou o prédio na tarde da última sexta-feira e constatou que as obras se referem exclusivamente aos banheiros e também são realizadas durante o dia. Os 2; e 3; andares não sofrem a reforma, pois são ocupados pelo Ministério do Turismo. Pedreiros ouvidos pela reportagem afirmaram que as atividades são realizadas durante o dia e de noite, mas que no período noturno o ritmo é lento. Segundo eles, apenas as luzes dos corredores seriam suficientes para realizar os trabalhos, já que somente os banheiros estão em obras.

Ascensão
Enquanto isso, a conta de luz paga pela União é crescente. De acordo com dados do Siga Brasil, que mostra a execucação orçamentária, Executivo, Legislativo e Judiciário gastaram mais de R$ 1,3 bilhão com os serviços no ano passado, sendo R$ 1 bilhão apenas de órgãos do governo federal. O dinheiro seria suficiente, por exemplo, para quadruplicar a verba do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

O Ministério de Minas e Energia foi um dos que menos tiveram despesas com o item, R$ 6,5 milhões no total. No topo de cima dos gastos estão os ministérios da Educação (MEC), que pagou R$ 334 milhões com conta de luz no ano passado, e da Defesa, com R$ 290 milhões registrados. A assessoria de imprensa do MEC informou que o montante refere-se a todas as unidades vinculadas à pasta, que inclui 59 universidades federais, 44 hospitais universitários, 38 institutos federais de educação ciência e tecnologia, entre outros. O prédio do MEC, segundo a assessoria, pagou apenas R$ 4 milhões.

;Houve uma expansão do Estado nos últimos anos, com a contratação de mais funcionários e criação de novos ministérios. Tudo isso, naturalmente, gera mais consumo. Mas todos aumentamos o consumo. Há 20 anos, não existiam equipamentos que hoje estão em todo lugar, como computadores. Por isso é difícil avaliar se as despesas com energia elétrica estão altas ou não;, avalia o especialista em contas públicas Roberto Piscitelli. Porém, segundo ele, se o custo da energia fosse mais barato, os valores seriam menores. ;Como a energia é cara no Brasil, os órgãos públicos gastam muito com os serviços, assim como a gente;, afirma.

O Ministério do Planejamento, responsável pela administração do Executivo, desenvolve ações para reduzir o consumo de energia elétrica. Entre elas estão o desligamento do sistema de ar condicionado a partir das 19h, manutenção preventiva do sistema de refrigeração e substituição de lâmpadas por outras de alta eficiência. Essas ações, segundo a pasta, já resultaram numa economia de 28% entre 2007 e 2010.

Busca da racionalização
Informações da assessoria do Ministério de Minas e Energia indicam, ainda, que a pasta pretende trabalhar em parceria com a Companhia Energética de Brasília (CEB) para ter mais iluminação natural, providência que deverá gerar racionalização efetiva de gastos. A previsão é que o projeto seja implantado em quatro meses.

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