postado em 20/02/2011 11:15
Os ministros de Dilma Rousseff receberam, logo nos primeiros dias de governo, a lição de casa: preparar uma análise detalhada sobre as ações de cada pasta e definir as prioridades desta gestão. A segunda tarefa veio pouco depois: redução máxima nas despesas de custeio, com a meta de eliminar 50% dos gastos com diárias de viagens. A primeira parte da missão serviria de base para o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento, anunciado pelo governo há duas semanas e que será detalhado em um decreto nos próximos dias. A outra incumbência está longe de se tornar efetiva e os resultados têm baixo potencial de economia aos cofres públicos, segundo especialistas.Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) comprovam a tese de que o discurso do Executivo ainda não se tornou prática. Em menos de 45 dias de governo, despesas com passagens no Brasil e no exterior, diárias e locação de meios de transporte somaram R$ 58,7 milhões. A maior parte ; R$ 43,7 milhões ; refere-se a diárias no país. Em janeiro, esses gastos superaram em 8,5% os valores do mesmo período do ano passado, passando de R$ 27 milhões para R$ 29,3 milhões. O levantamento não considerou os restos a pagar. Se já estivesse em vigor desde o início do ano o corte determinado pelo governo, a despesa em janeiro não poderia ultrapassar R$ 13,5 milhões.
O relatório de viagens da Esplanada mostra que o Ministério da Justiça é responsável pela maior parte das despesas até o momento: R$ 10,5 milhões. Em janeiro de 2010, a pasta gastou R$ 3,7 milhões com a rubrica. No mesmo período deste ano, foram R$ 5,1 milhões. A explicação, segundo o ministério, está nas operações da Polícia Federal e no deslocamento da Força Nacional de Segurança para a região serrana do Rio, diante da tragédia provocada pelas chuvas. A pasta também tem autorizado viagens para o exterior, especialmente aquelas que envolvam bandeiras da nova gestão, como o combate ao narcotráfico e os veículos não tripulados, os Vants. Os detalhes da tesourada no ministério ainda não estavam confirmados, mas a expectativa é que o Programa Nacional de Segurança com Cidadania (Pronasci) seja afetado, assim como a construção da nova penitenciária federal, em Brasília. O Conselho Nacional de Segurança Pública manifestou preocupação com os cortes na área.
Na Ciência e Tecnologia, os gastos também aumentaram. Passaram de R$ 522 mil, em janeiro de 2010, para R$ 970 mil no mesmo mês deste ano. A pasta, segundo estimativas, vai perder R$ 1,7 bilhão com os cortes no Orçamento. O valor corresponde a 23% do previsto, que era de R$ 7,4 bilhões. O levantamento mostra que outros ministérios também tiveram incremento nas despesas com viagens: Previdência, Agricultura e Pecuária, Fazenda e Desenvolvimento e Indústria.
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